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Assunto: Programação; Exibições
Data: 11/12/2011
Série "Cinéastes, de Notre Temps" - Integral em 2012
Série

A primeira retrospectiva integral de 2012 vai ser cinéfila e francesa, estendendo-se ao longo dos primeiros meses do ano, com a projecção em sala da excepcional série "Cinéastes, de Notre Temps", iniciada em 1964 por Janine Bazin e André S. Labarthe, que a tem vindo a prosseguir e que estará em Lisboa para acompanhar as primeiras sessões da retrospectiva, com arranque marcado para 16 de Janeiro, com o primeiro filme da série, "Luis Buñuel: Un Cinéaste de Notre Temps".

 

Com quase de cinco décadas de existência, produzida para o pequeno ecrã, em 1988 renomeada "Cinéma, de Notre Temps", a extensa série conta a esta data com cerca de cem títulos e é composta por uma impressionante e heterogénea galeria de retratos dos maiores protagonistas do "cinema do nosso tempo", motivo eleito, mas não exclusivo, dos vários filmes assinados ao longo dos anos por diversos realizadores, no pressuposto da originalidade das abordagens e perspectivas sobre cada uma das personalidades ou temas em foco, fazendo dialogar interlocutores, gerações, épocas e cinematografias.

 

Num primeiro momento muito associada à revista Cahiers du Cinéma, a série criada por Janine Bazin e André S. Labarthe, "a chama e o combustível" de "Cinéastes, de Notre Temps" nas palavras deste último quando o canal de televisão Arte retomou a sua produção designando-a "Cinéma, de Notre Temps", sempre teve como orientação de fundo o desalinhamento com a ideia de um projecto patrimonial, a ela preferindo a de um gesto vivo, interveniente no território cinematográfico que retratava.

 

 

Assim concebida, trata-se de uma série especialmente atenta aos seus contemporâneos, fossem eles Buñuel, Dreyer, Guitry, Bresson, Godard, Truffaut, Pasolini, Renoir, Lang, Fuller, Becker, Cassavetes, Alain Robe-Grillet ou a Nouvelle Vague (títulos dos anos 1960), Melville, Claude Autant-Lara ou Demy (na década de 1980), Lynch, Moretti, Rivette, Scorsese, Cissé, Chabrol, Oliveira, Kiarostami, Cavalier, Hsiao-Hsien, Ackerman, Rouch, Garrel, Cronenberg, Kitano (nos anos 1990), Kaurismaki, Straub-Huillet, Ferrara, Iosseliani, Moullet ou Erice (já neste segundo século de cinema).

 

André S. Labarthe, crítico, realizador, produtor, iniciou-se na crítica de cinema nos anos 1950, é tido como um dos mais discretos e secretos membros da Nouvelle Vague, e tem o percurso da sua obra intimamente ligado ao projecto da série que iniciou em 1964 ao lado de Janine Bazin e continuou a solo depois do desaparecimento desta e da interrupção da série em 1975, no termo dos seus primeiros cinquenta e oito títulos. Durante este período realizou filmes para séries igualmente emblemáticas como "Cinéma, Cinéma" e "Égale Cinéma", documentários sobre dança, retratando coreógrafos como William Fortsythe ou Carolyn Carlson, Patrick Dupont, Ushio Amagatsu, empregando princípios idênticos aos de "Cinéastes, de Notre Temps".

 

André S. Labarthe vai estar na Cinemateca entre 16 e 20 de Janeiro de 2012 para acompanhar as primeiras sessões da retrospectiva. Vem também participar na série de sessões-conferência da rubrica regular de programação "Histórias do Cinema" cujo programa será anunciado em breve.

 

Série
Anna Karina em Cinéastes de Notre Temps: Carl Th. Dreyer, Éric Rohmer, 1965
em cima: André S. Labarthe