A Cinemateca apresenta a primeira retrospetiva em Portugal da obra do realizador francês Paul Vecchiali, com o Indielisboa - Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, entre 3 e 13 de maio, propondo dezassete filmes de Vecchiali, também argumentista, produtor, ator e crítico de cinema. A retrospetiva é um programa concebido e organizado pela Cinemateca e a 14ª edição do IndieLisboa, que apresenta o realizador como um dos seus "Heróis Independentes", e decorrerá na Cinemateca, com a presença de Paul Vecchiali.

Paul Vecchiali é autor de uma obra prolífera, iniciada no início da década de 1960, onde se contam cerca de 50 títulos de curta e longa-metragem, também para televisão, dos quais o filme mais recente é “Le Cancre” (2015), estreado no último festival de Cannes. Profundamente singular, o cinema de Vecchiali tem a marca da independência das suas condições de produção, asseguradas pelo próprio realizador, e da liberdade da sua abordagem aos projetos que desenvolveu nas últimas seis décadas. A marca da cinefilia e o gosto pelo cinema francês dos anos 1930, a reflexão sobre a História de França e questões sociais controversas, a sexualidade e as relações amorosas, refletem-se numa obra que se reinventa, escapando às convenções e trabalhando também no interior de géneros cinematográficos como o melodrama ou o policial.

A obra de Vecchiali é indissociável do seu trabalho como produtor, papel que exerceu logo nos anos 1960, produzindo alguns dos primeiros filmes de Jean Eustache, e que foi fundamental na Diagonale, produtora por si fundada na década de 1970 e frequentemente descrita como a última grande aventura coletiva do cinema francês, reunindo cineastas como Jean-Claude Biette, Jean-Claude Guiguet ou Marie-Claude Treilhou. Como crítico de cinema, Vecchiali colaborou com os Cahiers du cinéma e a Revue du Cinéma, defendendo particularmente o cinema de Jean Grémillon, Max Ophuls e Robert Bresson. A sua cinefilia é profundamente marcada pela admiração por Danièlle Darrieux, que dirigiu nos anos 1980 em “Em Haut des Marches”. Entre os seus vários livros, a sua última grande aventura é L’Encineclopédie: Cinéastes français des années 1930 et leur oeuvre, publicado em dois volumes em 2010.

Na Cinemateca, de Paul Vecchiali, foram já mostrados "Femmes Femmes" (1974), "Trous de Mémoire" (1985), "En Haut des Marches" (1980), o coletivo "L’Archipel des Amours" (1983), estando programado em março "Nuits Blanches sur la Jetée" (2004), no programa "double bill" de dia 25.