Projeção de raridades depois do lançamento de Espelhos Mágicos: A Filmosofia em Manoel de Oliveira
No próximo dia 13, é apresentado na Livraria Linha de Sombra o mais recente estudo de António Roma Torres, Espelhos Mágicos - A filmosofia em Manoel de Oliveira. A propósito deste lançamento, que contará com a presença do autor e do escritor (também Ex-Subdiretor Cinemateca), Pedro Mexia, projetam-se na sala Luís de Pina, às 19h30, três curtas-metragens pouco vistas: o documentário de Manoel de Oliveira O PÃO (1963), sobre o ciclo da produção do pão, da semente à recolha, da moagem ao seu consumo, mais duas raridades de alto valor patrimonial, ambas caídas no esquecimento.
A primeira dessas preciosidades intitula-se BEZHIN LUG/ “O PRADO DE BEJINE” (1935), de Eisenstein, obra deixada incompleta por pressão política, sobre um jovem Komsomol morto pelo pai por ter denunciado as suas atividades contrarrevolucionárias, e que foi “tentada” na sequência de outra produção igualmente muito acidentada, a do seu filme mexicano ¡QUE VIVA MÉXICO!.
A segunda raridade é um título de passagem inédita na Cinemateca Portuguesa: HITCHCOCK ON GRIERSON (1969). Trata-se de um documentário realizado para o canal de televisão escocês, STV, dedicado a John Grierson, o aqui apelidado “pai do documentário”. Nele, o mestre do suspense faz uma vénia a essa figura maior na história do documentarismo britânico (e não só), dando a descobrir ou a redescobrir a sua obra na qualidade de cineasta em nome próprio, mas também enquanto produtor e educador do – e para o – documentário.
HITCHCOCK ON GRIERSON tira partido de uma extensa seleção de imagens respigadas de documentários realizados sob influência da prática e do pensamento de Grierson, por exemplo: DRIFTERS (1929) e GRANTON TRAWLER (1934), por si (co-)realizados, mas também INDUSTRIAL BRITAIN (1932), de outro pioneiro do documentário, o americano Robert J. Flaherty, e NIGHT MAIL (1936), realizado por dois dos mais brilhantes discípulos de Grierson, Harry Watt e Basil Wright. Conclui Hitchcock: “John, já nos chamaram vários nomes ao longo das nossas vidas – nem quero falar sobre o que já me chamaram. Mas tu já foste apelidado de educador, propagandista, professor e escritor. (...) Pela minha parte, prefiro ver-te muito simplesmente como um homem do cinema.”