Ver

Pesquisa

Notícias

Assunto: Paulo Rocha
Data: 13/08/2013
Paulo Rocha em Locarno: estreia da última obra e homenagem ao realizador
Paulo Rocha em Locarno: estreia da última obra e homenagem ao realizador

Quase meio século depois de ali ter sido premiado o seu filme inaugural (Os Verdes Anos, 1963, que no ano seguinte recebeu o prémio Vela d’Argento para a melhor primeira obra), e treze anos depois de A Raiz do Coração ali também ter sido premiado, Paulo Rocha (1935-2012) volta a ter foco especial no próximo festival de Locarno. Aí, no dia 14 de Agosto, em sessão especial fora de competição terá estreia mundial o seu último filme Se Eu Fosse Ladrão… Roubava, e, nos dias seguintes (na secção “Histoire(s) du cinéma”), serão exibidos Os Verdes Anos e Mudar de Vida, unindo os princípios e o final da obra de um grande autor europeu que protagonizou a renovação radical do cinema português na década de sessenta.

Se Eu Fosse Ladrão… Roubava, último filme realizado por Paulo Rocha, ainda inédito, foi concluído em 2011, incluindo montagem final e mistura, tendo desde então decorrido apenas operações técnicas relacionadas com a execução dos materiais finais de exibição. Já em 2012, data em que ficou encerrado o processo de produção, era vontade explícita do autor corresponder ao desafio de Locarno para ali fazer a ante-estreia – em articulação com a reexibição dos filmes iniciais -, não tendo isso sido concretizado pelas dificuldades entretanto surgidas no contexto do seu estado físico.

O guião do filme sofreu várias alterações ao longo do seu percurso, a maior parte delas devido a questões de financiamento, mas a obra foi fechada por Paulo Rocha, que dirigiu pessoalmente todas as operações de montagem. Seguindo uma estrutura original e complexa, Se Eu Fosse Ladrão… combina uma ficção inspirada por memórias de família (a história de infância e juventude de seu pai e da sua partida para o Brasil, na juventude), com imagens de quase todos os seus filmes anteriores. Acabando por ser claramente testamental, o filme não é contudo autobiográfico, extravasando a dimensão pessoal e memorialista para se transformar em algo com uma dimensão e um impacto muito mais amplos.

Tal como habitualmente na sua obra, o filme foi não só realizado como produzido por Paulo Rocha, através da última das suas empresas produtoras, Gafanha Filmes, e recebeu apoio financeiro do Instituto de Cinema e Audiovisual ICA, da Fundação Calouste Gulbenkian e da RTP. Também como habitualmente, Paulo Rocha rodeou-se de uma equipa de colaboradores próximos que, na sua maior parte, vinham dos filmes precedentes e que nessa qualidade tiveram participação muito relevante no seu trabalho: Regina Guimarães (responsável pelo guião da nova ficção e dos diálogos), Acácio de Almeida (direcção de fotografia), Edgar Feldman (montagem), Olivier Blanc e Nuno Carvalho (captação de som e mistura). Por outro lado, a obra é ainda um regresso aos actores maiores de toda a sua carreira, Isabel Ruth e Luís Miguel Cintra, ao lado dos quais surgem novas e habituais participações - Chandra Malatitsch (encarnando a figura do pai), Márcia Breia, Joana Bárcia, Carla Chambel, Raquel Dias, entre outros.

Nesta 66ª edição do Festival de Locarno, serão também exibidos Os Verdes Anos e Mudar de Vida, o primeiro em cópia de 35mm e o segundo numa nova versão digital restaurada, fundamentalmente realizada também ainda em vida do autor, por sua vontade e iniciativa.

Num contexto de revisitação do conjunto da sua obra e aproveitando as novas possibilidades facultadas pela tecnologia digital, Paulo Rocha promoveu o restauro dos dois filmes iniciais no standard 2K, numa iniciativa que, por sua vez, foi pensada como arranque de um trabalho maior a desenvolver para o conjunto da sua obra. Do plano global, apenas foi entretanto concluída a nova versão restaurada de Mudar de Vida, cuja direcção técnica foi confiada pelo autor ao realizador Pedro Costa (num conjunto de operações que incluíram ainda a participação de Nuno Carvalho como responsável pelo restauro de som).

 

Em nome da Gafanha Filmes e como responsável mais directa pela apresentação destes filmes em Locarno (no seguimento da vontade de Paulo Rocha, que nos deixou em testamento a sua obra cinematográfica), a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema deseja assim manifestar o seu reconhecimento a todos os membros da equipa de trabalho do último filme e a todas as entidades envolvidas na pós-produção digital, assim como a todos aqueles que contribuíram para a finalização do restauro digital de Mudar de Vida.

Uma palavra especial é naturalmente devida às entidades cujo apoio financeiro tornou esta última obra possível (Instituto de Cinema e Audiovisual, ICA, Fundação Calouste Gulbenkian e RTP). Ao ICA, nas pessoas do seu Director José Pedro Ribeiro e de Leonor Silveira temos ainda a agradecer o apoio complementar dado à promoção da obra em Locarno, e à Fundação C. Gulbenkian, na pessoa do seu Presidente, o apoio geral dado à digitalização em 2K de várias obras e ao restauro de Mudar de Vida.

A título individual, a Cinemateca deseja agradecer publicamente o grande contributo dado por Pedro Costa, assim como o apoio prestado pelo produtor e distribuidor Pedro Borges, também ele colaborador directo de Paulo Rocha na produção e pós-produção do último filme, nos trabalhos de digitalização dos filmes anteriores e na preparação da edição digital.

Um agradecimento especial é devido a Regina Guimarães (pela ajuda incansável também na área das traduções para legendagem), a Samuel Barbosa (por todo o inestimável apoio técnico e logístico), a Carlos Almeida (pelo apoio técnico especializado no restauro digital) e a Jorge Silva Melo (autor de um texto original sobre o novo filme).

Finalmente, a Cinemateca agradece publicamente a toda a família de Paulo Rocha, na pessoa de Laura Malaquias, testamenteira do realizador, a confiança, o apoio e a ajuda constante ao longo de todo este processo.


A Direcção da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

 


EM LOCARNO:

Se Eu Fosse Ladrão… Roubava

             Quarta-feira 14/8 às 16.15 (La Sala)
             Quinta-feira 15/8 às 9.00 (L’altra Sala)

Os Verdes Anos:

             Quinta-feira 15/8 às 21.00 (Rialto)

 

Mudar de Vida

             Sexta-feira 16/8 às 14.00 (Palavideo)


Mesa redonda sobre a obra de Paulo Rocha:          

             Quinta feira 15/8 às 11.00 (Spazio cinema)
              Participação de Isabel Ruth, Pedro Costa, José

              Manuel Costa, Roberto Turigliatto, entre outros.

Paulo Rocha em Locarno: estreia da última obra e homenagem ao realizador