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Assunto: Programação
Data: 18/03/2025
Passagem por Itália e olhares estrangeiros sobre o 25 de Abril
Passagem por Itália e olhares estrangeiros sobre o 25 de Abril
Em abril a Cinemateca concentra atenções em Itália para apresentar uma nova retrospetiva de autor organizada em colaboração com a Festa do Cinema Italiano (Antonio Pietrangeli é o senhor que se segue a Elio Petri) e uma edição das Histórias do Cinema dedicada a Vittorio De Seta, preparada por Federico Rossin. Como habitualmente em abril, regressamos a 25 de Abril de 1974, desta feita com um ciclo sobre os olhares estrangeiros da Revolução dos Cravos. No próximo mês a Cinemateca continuará também a percorrer a obra de Michael Curtiz, dá por terminado o ciclo dedicado a Joseph Conrad e homenageia uma das principais chefes de décor do cinema português: Maria José Branco.
 
Antonio Pietrangeli (1919-68) foi um dos grandes cineastas italianos saídos do período do pós-Guerra cuja morte prematura acabou por ofuscar a sua obra, onde se destacam os retratos de mulheres e da condição feminina, que filmou como poucos, num misto de realismo e poesia. Um olhar muito diferente do de muitos dos seus contemporâneos das décadas de 1950 e 60, que fez com que Pietrangeli fosse um dos autores que melhor fez a transição entre o neorrealismo e a commedia all’italiana. Depois de ter sido um dos nomes em foco no Ciclo Cinema Italiano Lado Bem 2021, é tempo de mostrarmos a sua obra numa retrospetiva praticamente integral intitulada “Antonio Pietrangeli, Esse Desconhecido”.
 
O outro cineasta italiano em destaque no mês de abril é Vittorio De Seta (1923-2011), a quem será dedicada uma edição das Histórias do Cinema. Tendo começado a filmar na mesma altura de Pietrangeli, De Seta foi um dos grandes autores do documentário feito em Itália e não é totalmente desconhecido dos espectadores da Cinemateca. Influenciado pelo neorrealismo, desenvolveu uma prática documental singular, onde a correção etnográfica se fundiu com a pujança lírica. Esta edição das Histórias do Cinema estará a cargo do historiador e programador de cinema Federico Rossin, que nos últimos anos se tem dedicado a explorar territórios e épocas cinematográficas ainda por desbravar e que merecem um lugar no cânone cinematográfico. Um regresso à Cinemateca, onde esteve no ano passado para acompanhar a retrospetiva dedicada a Carlos Vilardebó.
 
Abril é sempre mês da Revolução dos Cravos, acontecimento que a Cinemateca tem vindo a comemorar ao longo dos anos. Depois do cinquentenário da data ter ocupado toda a programação ao longo de 2024, este ano o 25 de Abril na Cinemateca é celebrado a partir dos olhares estrangeiros sobre a data em que o regime do Estado Novo caiu. O Ciclo “Portugal 1974 – Um sítio que não existe, um tempo que verdadeiramente existiu” reúne sobretudo (mas não só) um conjunto de títulos da filmografia de Abril assinados por vários dos realizadores estrangeiros que vieram viver e captar a revolução em tempo real num dos períodos mais fulgurantes da História recente do país. Um programa que se articulará também com a apresentação de SEMPRE, de Luciana Fina, o filme-montagem que teve origem na instalação “Sempre: a Palavra, o Sonho e a Poesia na Rua”, comissariada e apresentada pela Cinemateca para celebrar os 50 anos do 25 de Abril.
 
Por fim, destaque ainda para a continuação da retrospetiva Michael Curtiz (com nova fornada da vasta e variadíssima filmografia do realizador de CASABLANCA), para a conclusão do Ciclo “O Cinema e Conrad, Conrad e o Cinema” (que se concentra em adaptações de obras de Joseph Conrad mais recentes do que as mostradas na primeira parte do Ciclo, mas que inclui também dois títulos anteriores, FACE TO FACE e DANGEROUS PARADISE que não foi possível mostrar em março) e uma homenagem a Maria José Branco, uma das personalidades mais fortes e mais livres do cinema português dos últimos quarenta anos, responsável pelos cenários de mais de cinquenta filmes portugueses e franceses, e também pelo guarda-roupa de muitos outros.