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Assunto: Programação
Data: 07/10/2021
O mar português no DocLisboa
O mar português no DocLisboa
A Cinemateca Portuguesa junta-se ao DocLisboa 2021 para, no âmbito do projeto FILMar, apresentar a estreia das cópias novas digitais de NAZARÉ, PRAIA DE PESCADORES (Leitão de Barros, 1929), num trabalho de digitalização da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, e FISHING FOR ATLANTIC HERRINF NEAR AALESUND 1914 (Hans Berger, 1914), apresentada pelo Norsk Filminstitutt, um raro filme norueguês. Os dois filmes são exemplos do mar enquanto motor para uma discussão sobre as relações que o cinema empreende e propõe, no que respeita à representação da história, ao impacto sobre a memória coletiva, e à construção social nele fixada.  
 
A apresentação de NAZARÉ, PRAIA DE PESCADORES será, ainda, a oportunidade para a estreia da obra para piano que a Cinemateca encomendou ao compositor Filipe Raposo, que acompanhará a projeção.
 
Na sessão, serão ainda apresentados dois filmes a trabalhar no âmbito do FILMar: CASCAES (Amélia Borges Rodrigues, 1937) e TIN SARDINES (atribuído a Leitão de Barros, 1935). Dois exemplos que demonstram o trabalho a ser desenvolvido ao longo dos próximos meses, permitindo abrir uma discussão sobre o mar enquanto personagem e as suas múltiplas narrativas, atendendo a dimensões de cariz social, político e territorial percetíveis pelo modo como neles guardam registos das condições de vida e das construções políticas que lhes são intrínsecas. 
 
O dia 25 de outubro será ainda marcado por um debate Mar: personagem de ficções reais, que contará com a presença de Pedro Martins, investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, e Truls Lie, documentarista e jornalista norueguês, com moderação de Sérgio Silva, investigador e realizador, também ele presente no festival com uma curta-metragem relacionada com o mar, A TERRA SEGUE AZUL QUANDO SAIO DO TRABALHO.
 
O que é o FILMar?
 
Até 2024, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema irá desenvolver um programa de digitalização e divulgação do cinema português relacionado com o mar, no âmbito do mecanismo financeiro de apoio EEAGrants. Este programa, criado pela Noruega, Islândia e Liechtenstein prevê a digitalização de 10 mil minutos de títulos, entre longas e curtas-metragens, conservadas na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, com o objetivo de devolver às comunidades um conhecimento sobre o modo como o cinema contou as suas histórias.  
 
A relação que o cinema português tem com o mar é transversal às épocas, géneros e temáticas, sendo possível encontrar registos desde 1896, quando se realizaram as primeiras sessões públicas. Desde então, o mar foi matéria de trabalho para autores e instituições, através de títulos a partir dos quais é possível acompanhar o desenvolvimento da indústria, em particular a conserveira, a construção de estaleiros e o poderio militar, as campanhas marítimas, a expansão e consolidação urbanística das comunidades piscatórias, as suas práticas religiosas e os rituais pagãos, os movimentos sociais e as condições laborais, bem como a promoção do território nacional, do turismo ao mar enquanto fator identitário, o conhecimento científico e o estudo da fauna e flora marítima e costeira, a relação com as antigas colónias portuguesas e, naturalmente, a ficção como motor para narrativas que permitiram descrever realidades distintas a partir de uma mesma matéria.