Em maio a Cinemateca propõe duas retrospetivas integrais (
Binka Jeliaskova e
Eduardo Geada) e um regresso à obra de um nome bem conhecido da Barata Salgueiro:
Chantal Akerman. No próximo mês mostramos também o cinema de
Jorge António, a propósito dos 30 anos da estreia da sua primeira longa-metragem, travamos conhecimento com a filmografia de
Charlie Shackleton e continuamos a percorrer o universo de
Michael Curtiz.
A primeira integral do mês é dedicada a
Binka Jeliaskova (1923-2011). Organizada em colaboração com o IndieLisboa, a retrospetiva “Binka Jeliaskova: a luta é um murmúrio” mostrará os nove filmes que realizou, grande parte em cópias 35mm provenientes do Bulgarian National Film Archive (também parceiro deste ciclo), naquela que é a primeira retrospetiva integral de Jeliaskova fora do seu país. Cineasta escolhida por Mark Cousins para iniciar as 14 horas do seu documentário WOMEN MAKE FILM, Binka Jeliaskova foi a primeira mulher a realizar uma longa-metragem na Bulgária. Membro do movimento estudantil antifascista, acabou por ver o regime comunista censurar a exibição de vários dos seus filmes, realizados entre os anos 1950 e o fim da década de 1980. Uma obra plasticamente ousada e ideologicamente viva que aborda temas como a resistência, a prisão e o silêncio e a propósito da qual a Cinemateca lançará um novo volume da coleção
Cadernos da Cinemateca, ainda durante a retrospetiva.
Também em colaboração com o IndieLisboa,
como já anunciado, a Cinemateca receberá
Charlie Shackleton, autor de uma obra centrada no campo dos filmes ensaio, a meio caminho entre o cinema e a arte performativa, e um punhado de títulos da secção
Director’s Cut, este ano dedicada inteiramente à apresentação de filmes em novas cópias digitais restauradas. No foco na obra de Shackleton serão exibidos 11 dos seus 15 filmes, incluindo o mais recente ZODIAC KILLER PROJECT, vindo de Sundance para uma das primeiras exibições na Europa.
Depois das retrospetivas dedicadas a Fernando Matos Silva, Monique Rutler e José Nascimento, é chegada a vez de
Eduardo Geada, mais um dos cineastas portugueses cuja carreira se inicia nos derradeiros dias do Estado Novo (com SOFIA OU A EDUCAÇÃO SEXUAL, filme sobre os preconceitos sexuais da sociedade portuguesa que a censura proibiu informalmente semanas antes do 25 de Abril) e prossegue nos primeiros anos da democracia. O PREC leva-o a participar no cinema militante desse período, assinando títulos como o documentário LISBOA, O DIREITO À CIDADE ou as sátiras políticas O FUNERAL DO PATRÃO e A SANTA ALIANÇA. Na década seguinte trabalha sobretudo para televisão e realiza duas longas: SAUDADES PARA D. GENCIANA e PASSAGEM POR LISBOA, uma possível “sequela” de CASABLANCA. O Ciclo “Eduardo Geada – O Olhar do Desejo” reúne toda a sua obra para cinema, uma parte da sua produção televisiva e uma carta-branca. Durante o Ciclo será lançada a mais recente edição em DVD resultante da parceria entre a Cinemateca e a Academia Portuguesa de Cinema (precisamente SOFIA OU A EDUCAÇÃO SEXUAL) e está prevista também a edição de um catálogo dedicado ao autor.