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Assunto: Programação
Data: 16/04/2025
Murmúrios e desejos para um maio maduro
Murmúrios e desejos para um maio maduro
Em maio a Cinemateca propõe duas retrospetivas integrais (Binka Jeliaskova e Eduardo Geada) e um regresso à obra de um nome bem conhecido da Barata Salgueiro: Chantal Akerman. No próximo mês mostramos também o cinema de Jorge António, a propósito dos 30 anos da estreia da sua primeira longa-metragem, travamos conhecimento com a filmografia de Charlie Shackleton e continuamos a percorrer o universo de Michael Curtiz.

A primeira integral do mês é dedicada a Binka Jeliaskova (1923-2011). Organizada em colaboração com o IndieLisboa, a retrospetiva “Binka Jeliaskova: a luta é um murmúrio” mostrará os nove filmes que realizou, grande parte em cópias 35mm provenientes do Bulgarian National Film Archive (também parceiro deste ciclo), naquela que é a primeira retrospetiva integral de Jeliaskova fora do seu país. Cineasta escolhida por Mark Cousins para iniciar as 14 horas do seu documentário WOMEN MAKE FILM, Binka Jeliaskova foi a primeira mulher a realizar uma longa-metragem na Bulgária. Membro do movimento estudantil antifascista, acabou por ver o regime comunista censurar a exibição de vários dos seus filmes, realizados entre os anos 1950 e o fim da década de 1980. Uma obra plasticamente ousada e ideologicamente viva que aborda temas como a resistência, a prisão e o silêncio e a propósito da qual a Cinemateca lançará um novo volume da coleção Cadernos da Cinemateca, ainda durante a retrospetiva.

Também em colaboração com o IndieLisboa, como já anunciado, a Cinemateca receberá Charlie Shackleton, autor de uma obra centrada no campo dos filmes ensaio, a meio caminho entre o cinema e a arte performativa, e um punhado de títulos da secção Director’s Cut, este ano dedicada inteiramente à apresentação de filmes em novas cópias digitais restauradas. No foco na obra de Shackleton serão exibidos 11 dos seus 15 filmes, incluindo o mais recente ZODIAC KILLER PROJECT, vindo de Sundance para uma das primeiras exibições na Europa.

Depois das retrospetivas dedicadas a Fernando Matos Silva, Monique Rutler e José Nascimento, é chegada a vez de Eduardo Geada, mais um dos cineastas portugueses cuja carreira se inicia nos derradeiros dias do Estado Novo (com SOFIA OU A EDUCAÇÃO SEXUAL, filme sobre os preconceitos sexuais da sociedade portuguesa que a censura proibiu informalmente semanas antes do 25 de Abril) e prossegue nos primeiros anos da democracia. O PREC leva-o a participar no cinema militante desse período, assinando títulos como o documentário LISBOA, O DIREITO À CIDADE ou as sátiras políticas O FUNERAL DO PATRÃO e A SANTA ALIANÇA. Na década seguinte trabalha sobretudo para televisão e realiza duas longas: SAUDADES PARA D. GENCIANA e PASSAGEM POR LISBOA, uma possível “sequela” de CASABLANCA. O Ciclo “Eduardo Geada – O Olhar do Desejo” reúne toda a sua obra para cinema, uma parte da sua produção televisiva e uma carta-branca. Durante o Ciclo será lançada a mais recente edição em DVD resultante da parceria entre a Cinemateca e a Academia Portuguesa de Cinema (precisamente SOFIA OU A EDUCAÇÃO SEXUAL) e está prevista também a edição de um catálogo dedicado ao autor.
 
Maio será também um mês de regressar à obra de Chantal Akerman (1950-2015), uma realizadora com presença bastante regular na Cinemateca, e que em 2012 esteve na Barata Salgueiro para acompanhar a integral que lhe foi dedicada em colaboração com o Doclisboa. Desta vez com seis sessões em associação com a exposição Chantal Akerman. Travelling, patente no MAC/CCB de 17 de abril a 7 de setembro, e em colaboração com a Cinémathèque Royale de Belgique (CINEMATEK) e a Fondation Chantal Akerman. De HOTEL MONTEREY (1972) a LA CAPTIVE (2000), passando pelo monumental JEANNE DIELMAN, 23, QUAI DU COMMERCE, 1080 BRUXELLES (1976), esta curta mostra dos filmes de Akerman contará com a presença na Cinemateca de Sabine Lancelin, diretora de fotografia de LA CAPTIVE, para falar do seu trabalho com Akerman e do restauro dos filmes em que colaborou.

Por fim, regressaremos ao cinema de Jorge António. No ano em que o cineasta celebra os 30 anos da estreia de O MIRADOURO DA LUA, a sua primeira longa-metragem, Jorge António estará na Cinemateca para apresentar alguns dos filmes por si realizados ou nos quais participou. Oportunidade para celebrar o seu trabalho, praticamente todo produzido em Angola, com a presença de vários convidados especiais.

Fora de portas, assinalamos a exibição de O GRANDE DITADOR, de Charles Chaplin, no Teatro Camões, em colaboração com o Teatro Nacional de São Carlos (TNSC), naquela que será a primeira de várias colaborações entre a Cinemateca e o TNSC previstas para esta e a próxima temporada do São Carlos. O filme de Chaplin será exibido nos dias 30 e 31 de maio, às 20h e 18h30 respetivamente, com acompanhamento musical ao vivo pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, com direção musical de Timothy Brock, maestro e compositor norte-americano especializado no restauro e acompanhamento musical ao vivo de filmes mudos, que desta feita apresentará a adaptação da partitura do primeiro filme inteiramente sonoro do criador de Charlot.