De 17 outubro a 19 de novembro, o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque exibe um ciclo dedicado ao cinema português que percorre 50 anos de história.
Organizado por Francisco Valente, curador assistente do Departamento de Cinema do MoMA, o ciclo contou com a colaboração da Cinemateca Portuguesa. Serão exibidas novas cópias digitalizadas pela Cinemateca Portuguesa, assim como cópias nos seus suportes originais preservadas na sua coleção.
Intitulado The Ongoing Revolution of Portuguese Cinema, o programa parte dos 50 anos da Revolução dos Cravos para explorar uma outra revolução: “uma vaga de filmes que, sob o peso da censura, quebrou as distinções na forma como a realidade e a ficção eram enquadradas no ecrã. Antes de a noção de “cinema híbrido” ganhar popularidade mundial, o cinema português já utilizava ferramentas do documentário para criar ficção (e vice-versa), oferecendo um novo domínio para os sentidos; tal como num processo revolucionário, tecia uma ligação entre a vida quotidiana e as confluências políticas que afetavam o seu curso”, indica o MoMA.
No mesmo texto, o Museu acrescenta que "O espírito independente do cinema português continuaria a abrir novos caminhos com as obras inspiradas em fábulas de João César Monteiro, bem como os documentários de António Reis e Margarida Cordeiro, Manuela Serra e António Campos, que redefiniram a arte do real e, por sua vez, influenciaram realizadores como João Pedro Rodrigues, Pedro Costa e Miguel Gomes. Este programa ilumina uma tradição estética em que fazer cinema — e assistir a filmes — se torna um gesto político e existencial, criando um espaço de resistência às forças homogéneas e opressivas que nos limitam na vida — uma busca, numa palavra, pela liberdade”.
Ambos membros da FIAF – Federação Internacional dos Arquivos de Filmes, a Cinemateca Portuguesa e o MoMA colaboram neste ciclo que dará a conhecer ao público internacional vários títulos que, até agora, tiveram poucas oportunidades de circulação para além da época original de estreia, e criará também momentos importantes para revisitar obras seminais da história do cinema português.
Um desses momentos será a estreia da nova cópia digital restaurada do fundamental filme XAVIER, realizado por Manuel Mozos, em 1991. Esta cópia resulta da digitalização 4K, por imersão em janela líquida, do negativo de câmara original de 35mm, e do negativo de som ótico, materiais conservados pela Cinemateca.
A convite do MoMA, estará presente na abertura do ciclo, Rui Machado, Diretor da Cinemateca Portuguesa.
O programa pode ser consultado na íntegra
aqui.