O programa Hora Cinemateca volta à RTP Memória com uma nova temporada. A rubrica arranca a 11 de outubro e estende-se até fevereiro de 2026, sempre aos sábados, às 21h. Continuando o destaque aos 50 anos do 25 de Abril esta série dá a ver curtas e médias-metragens de carácter documental recentemente digitalizadas pela Cinemateca.
O período da revolução foi fértil em produções cinematográficas. Criadas por profissionais e amadores, estas obras procuravam documentar o processo revolucionário e ao mesmo tempo servir de instrumento de politização dos cidadãos. Muitos destes filmes são caracterizados por um forte sentido de urgência: o cinema militante da época via como imperioso dar a conhecer a realidade social e económica do país, durante anos silenciada pelo Estado Novo.
Assim, além de obras que retratam eventos políticos da revolução ou com ela relacionados, como o movimento sindical, a ocupação de propriedades rurais ou os problemas da habitação nas zonas urbanas, esta Hora Cinemateca inclui também títulos que pensam modelos alternativos e menos hierárquicos de educação, que exploram o papel das artes no pós-25 de Abril, e outros ainda que retratam as tradições e o quotidiano de diferentes comunidades portuguesas a partir de um olhar inspirado pela etnografia.
Recuperamos igualmente a memória do meio televisivo, especificamente da RTP, enquanto agente importante de difusão da revolução, devido à produção significativa de cooperativas que a ela estiveram ligadas, como a Cinequipa e Cinequanon – no caso desta última com títulos incluídos na atual temporada.
A série reúne obras de Leonel Brito, Ricardo Costa, Amílcar Lyra, António de Macedo, Manuel Costa e Silva, entre muitos outros, rodados de norte a sul do país, passando pelas ilhas. Através destes títulos, que se relacionam de diferentes formas com a revolução, procuramos contribuir para continuar a visitar e pensar o 25 de Abril.
A parceria entre a Cinemateca Portuguesa e a RTP Memória, iniciada em 2020, pretende divulgar o trabalho de conservação, preservação e digitalização que a Cinemateca tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos/ últimas décadas. Para além de contemplar a vertente de ficção nacional, mais conhecida do público em geral, a programação da Hora Cinemateca tem procurado ser transversal e variada, não só na tipologia de filmes preservados, como na abrangência das diferentes épocas, géneros e autores apresentados.