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Assunto: Programação; Exibições
Data: 18/11/2015
HOMENAGEM A MARLEN KHUTSIEV
HOMENAGEM A MARLEN KHUTSIEV

 A sessão (a última do ciclo em que está presente e que é organizada em parceria com o LEFFEST) inclui a projeção de parte importante do seu último filme ainda inacabado Nevechernyaya – Ainda não é noite, exibido às 19.00. A cerimónia de homenagem de entrega da medalha decorre no final desta projeção.

Criada pelo Decreto-Lei n.º 123/84, de 13 de abril, a Medalha de Mérito Cultural distingue pessoas singulares ou coletivas, nacionais ou estrangeiras, pela sua dedicação ao longo do tempo a atividades de ação ou divulgação cultural.

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Marlen Khutsiev Visto actualmente como um dos grandes realizadores do cinema moderno mundial, Khutsiev (hoje com 90 anos e ainda em atividade), fez alguns dos seus filmes mais notáveis na era pós-estalinista, refletindo um clima de esperança que, porém, veio a ser rapidamente confrontado com novas manifestações de censura.
Nasceu em 1925 em Tbilissi, na Geórgia. O seu pai, que foi executado numa purga política em 1937, escolheu o nome do filho misturando as primeiras sílabas dos nomes de Marx e Lenine. Depois de obter o seu diploma de realizador no VGIK, a escola de cinema de Moscovo, Khutsiev foi trabalhar no estúdio de Odessa, onde realizou os seus dois primeiros filmes, VESNA NA ZARECHNOI ULITSE / “PRIMAVERA NA RUA ZAREHNAIA” e DVA FEDORA / “OS DOIS FEDORS”, nos quais “já se encontra um tom surpreendente, feito de rapidez, de liberdade de comportamento das personagens”, segundo escreveu Bernard Eisenschitz.

De regresso a Moscovo, entre 1958 e 1962 Khutsiev trabalhou em ZSTAVA ILLYITCH / “A PORTA DE ILLYCH”, um marco no moderno cinema soviético. Mas o filme (cuja versão inicial de 1962 o próprio repudia) foi violentamente criticado por Nikita Khrouchev e, na sequência disso, alterado pelo autor. Em 1965 foi então apresentada uma nova versão (remontada e com partes refilmadas) com o título MNE DVADSAT LET / “TENHO VINTE ANOS” que foi distribuída na URSS e que veio a obter o Prémio do Júri no Festival de Veneza. Mais tarde, em 1988, Khutsiev voltou ainda a trabalhar no mesmo filme, estabelecendo o que considera hoje a sua versão mais genuína, de novo com o título original ZASTAVA ILLIYCHA / “A PORTA DE ILLYCH” e que incorpora troços das duas versões anteriores. Entretanto, um novo filme importantíssimo de 1967, IYULSKIY DOZHD / “CHUVA DE JULHO” levanta menos polémicas mas é pouco exibido e Khutsiev passa aos estúdios de televisão, para os quais faz uma das suas obras preferidas: BYL MESYATS MAY / “FOI NO MÊS DE MAIO”. Depois de completar com Elem Klimov e German Lavrov o último e inacabado filme de Mikhail Romm I VSYO-TAKI YA VERYU…/ “E AINDA ACREDITO…”, Khutsiev só conseguiu fazer dois filmes em vinte anos, antes de, mais recentemente, voltar à realização. A partir de 1978, Marlen Khutsiev passou a ensinar no VGIK, onde formou vários realizadores. Na primeira metade dos anos sessenta, na União Soviética como em outros “países do Leste” (Polónia, Checoslováquia, Hungria), houve o equivalente de uma nova vaga, um cinema mais leve e mais moderno, feito por cineastas ainda jovens que nada tinham a ver com as convenções académicas e muito menos com a herança do “realismo socialista”. Na União Soviética, realizadores como Otar Iosseliani, Larissa Chepitko, Vassili Chukchin, Kira Muratova, Gueorgui Danelia, são alguns dos nomes mais significativos dessa corrente. É mais do que surpreendente que um cineasta da envergadura de Marlen Khutsiev não tenha tido à época, ou depois, o reconhecimento que merece.


Muito pouco divulgado no mundo ocidental durante grande parte da sua vida, Khutsiev está agora a ser alvo de consagração internacional, tendo sido homenageado já este ano no Festival de Cinema de Locarno.

HOMENAGEM A MARLEN KHUTSIEV
NEVECHERNYAYA “AINDA NÃO É NOITE” de Marlen Khutsiev - rodagem