O mês de fevereiro na Cinemateca será marcado pela apresentação da primeira parte de uma das maiores retrospetivas já feitas dedicadas a Raúl Ruiz, intitulada “Raúl Ruiz – A Imagem Estilhaçada”, distribuída em três momentos ao longo deste ano. O programa, que começa no dia 1 de fevereiro, é um momento há muito aguardado nas salas da Cinemateca. Grande figura, insólita e original, o cineasta chileno é hoje entendido como um autor fundamental na História do cinema, ainda que muita da sua obra seja mal conhecida pelo grande público. Foi, também, o cineasta estrangeiro que, após o advento do sonoro, mais vezes filmou em Portugal, graças à estreita relação que desenvolveu com o produtor Paulo Branco (que marcará presença para uma sessão especial sobre a obra do realizador). No nosso país, a partir da década de 80, Ruiz dirigiu algumas das suas obras mais emblemáticas como LA VILLE DES PIRATES e MISTÉRIOS DE LISBOA. Valeria Sarmiento, viúva do cineasta, e montadora de toda a sua obra, além de realizadora, marcará presença ao longo da primeira fase deste ciclo que apresentará três obras póstumas de Ruiz (incluindo o recém-terminado EL REALISMO SOCIALISTA, que abre o Ciclo e terá aqui a sua primeira apresentação em Portugal), seis dos filmes que rodou ou produziu em Portugal e vários outros títulos relevantes da sua filmografia em França. O início da retrospetiva contará também com a presença de Chamila Rodríguez, atriz dos últimos filmes de Ruiz e produtora dos filmes póstumos.
Destaque, também, neste mês é a retrospetiva dedicada ao realizador luso-francês Carlos Vilardebó, cuja obra (à exceção da sua única longa-metragem, AS ILHAS ENCANTADAS, a apresentar agora numa nova versão, recentemente restaurada no âmbito do projeto FILMar) permanecia inédita na Cinemateca. Intitulado “Carlos Vilardebó, O Intruso do Cinema Novo”, este programa será posteriormente acompanhado pela edição de um novo Caderno da Cinemateca, dedicado à obra deste cineasta.
Completam os destaques da programação da Cinemateca em fevereiro o ciclo sobre as adaptações para cinema da obra de Franz Kafka (organizado em colaboração com o Kulturfest – Festival de Culturas de Expressão Alemão) e para uma homenagem ao realizador georgiano Otar Iosseliani, recentemente desaparecido. Haverá, ainda, espaço para a continuação do programa “Que Farei Eu com Esta Espada?”, iniciado em janeiro para assinalar os 50 anos da Revolução de Abril, com cerca de mais vinte filmes programados dentro dos quatro eixos temáticos deste programa: Liberade, Revolução, Comunidade e Futuro.