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Assunto: Programação
Data: 15/10/2024
Do universo Chris Marker ao desconhecido Erik Hampe Faustman
Do universo Chris Marker ao desconhecido Erik Hampe Faustman
Em novembro, a Cinemateca percorre várias latitudes e cinematografias: do início de uma bastante completa retrospetiva sobre o trabalho de Chris Marker a um ciclo dedicado a um realizador sueco injustamente desconhecido (Erik Hampe Faustman), passando pelo cinema angolano e o trabalho desenvolvido pela japonesa Art Theatre Guild, são muitas e diversas as propostas ao longo do mês.

O percurso arranca com a primeira parte de uma muito aguardada retrospetiva dedicada a Chris Marker (1921-2012), organizada em colaboração com a Festa do Cinema Francês. A decorrer ao longo dos dois últimos meses de 2024, o programa “Chris Marker – A Memória das Imagens” pretende ser, tanto quanto possível, uma integral do trabalho de um dos mais originais realizadores franceses, autor de uma obra multifacetada que no cinema resultou num universo de forte pendor ensaístico e contribuiu decisivamente para a renovação do documentário, influenciando sucessivas gerações. Um dos pontos altos da programação deste ano na Cinemateca.

A descoberta de um importante e singular, embora presentemente desconhecido, cineasta sueco é também uma proposta de novembro na Cinemateca. Resultado de um desafio ao programador Stefan Ramstead, que estará em Lisboa para acompanhar o arranque do Ciclo, o programa “Erik Hampe Faustman – Divergência a cinzento” pretende dar a ver a obra do ator-realizador Erik Hampe Faustman (1919-1961), realizada entre as décadas de 1940 e 60, e marcada por uma forte perspetiva social, politicamente empenhada, em que pontuam personagens do povo. Seis filmes inéditos nas salas portuguesas, para descobrir na segunda metade do mês em cópias do arquivo sueco, maioritariamente em 35 mm.
 
Na rubrica de programação Histórias do Cinema, partimos rumo ao Japão para conhecer a Art Theatre Guild (ATG). Fundada em 1961, iniciando atividade como distribuidora de filmes estrangeiros no mercado nipónico, sobretudo títulos europeus de “arte e ensaio”, acabou por se tornar anos mais tarde uma das mais importantes e influentes produtoras de cinema independente no país do sol nascente, dando abrigo à geração da chamada nuberu bagu (nova vaga japonesa). O mestre de cerimónias será Miguel Patrício, um dos maiores conhecedores do cinema feito no Japão, que propõe uma viagem por um outro lado do cinema japonês, em cinco sessões-conferência sobre o período inicial da ATG sob o mote “ATG: das paredes do estúdio ao asfalto das ruas”.

O périplo continuará rumo à última paragem do Ciclo “Do Cinema de Estado ao Cinema Fora do Estado”. Depois de Moçambique e Guiné-Bissau, a terceira e derradeira parte deste programa cocriado em colaboração com Maria do Carmo Piçarra sobre o cinema das ex-colónias portuguesas incidirá em Angola. Oportunidade para descobrir, rever e discutir vários títulos da cinematografia angolana, articulando uma vez mais obras históricas e filmes contemporâneos.

A programação de novembro passará também por uma pequena mostra do trabalho do produtor Luiz Carlos Barreto, nome incontornável da História do cinema brasileiro (deu a mão a realizadores como Carlos Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, entre outros), uma retrospetiva do trabalho de realizadoras palestinianas (nova colaboração com o festival Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival), um curto ciclo dedicado ao cinema pós-Franco em Espanha (organizado em colaboração com o CineFiesta) e as fortes propostas de filmes para os eixos “Liberdade” e “Revolução” do ciclo “Que Farei Eu com Esta Espada?”, com o qual a Cinemateca continua a celebrar o cinquentenário do 25 de Abril de 1974.