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Assunto: Programação
Data: 15/07/2024
De agosto a dezembro, são muitos os percursos da Cinemateca
De agosto a dezembro, são muitos os percursos da Cinemateca
Em agosto, continua o cinema na esplanada da Cinemateca (com horário antecipado para as 21h30) e haverá mais uma sessão ao final do dia na sala M. Félix Ribeiro. Ambas as sessões estão incluídas no Ciclo “Que Farei Eu com Esta Espada?”, dedicado aos 50 anos do 25 de Abril que se prolongará até ao final de 2024.
 
Enquanto não é publicado o programa completo para o mês de agosto e os dias longos ainda nos dão tempo para desfrutar do cinema ao ar livre, divulgamos os principais percursos da programação da temporada da Cinemateca a partir de setembro e até ao final do ano. Muitos e diversos caminhos para percorrer ao longo dos próximos meses.

Setembro 
 
Terence Davies


Falecido no final de 2023, Terence Davies é considerado um dos nomes mais importantes do cinema britânico das décadas finais do século XX e início do século XXI. Realizador e argumentista, teve uma carreira relativamente discreta, mas relevante e bem acolhida pela crítica, pontuada por obras autobiográficas, adaptações literárias (como A BÍBLIA DE NÉON, de John Kennedy Toole, ou A CASA DA ALEGRIA, de Edith Wharton) e retratos de grandes escritores. Em setembro, a Cinemateca presta homenagem a um autor raro que trouxe um olhar muito pessoal e poético ao realismo social britânico.
 
Raúl Ruiz (conclusão)
 
Em setembro e outubro chegamos ao final da enorme retrospetiva que a Cinemateca dedicou a Raúl Ruiz ao longo de 2024. Se nas primeiras duas partes da retrospetiva o foco esteve nos filmes que realizou em Portugal, no seu Chile natal e as primeiras obras assinadas na sequência do exílio em França, neste derradeiro capítulo serão apresentados, em jeito de conclusão, uma seleção de outros títulos de uma obra monumental e labiríntica que percorreu os mais variados e misteriosos territórios da História do cinema.
 
Histórias do Cinema: John Ford/Tag Gallagher
 
Para a segunda edição das Histórias do Cinema dedicada a John Ford, o primeiro repetente desta rubrica da programação assente no binómio uma sessão de cinema e uma conferência diária ao longo de uma semana intensa, a Cinemateca recebe o crítico e historiador de cinema Tag Gallagher, autor da seminal biografia John Ford: The Man and His Films, livro que possibilitou a reavaliação de Ford nos anos 1980, quebrando alguns estereótipos associados à obra do mais irlandês dos realizadores americanos.
 
Monique Rutler + Carta Branca
 
Se a História do cinema no feminino em Portugal ainda está em larga medida por fazer, há nomes que é necessário retirar do esquecimento que as últimas décadas lhe têm votado. Monique Rutler é um deles. Foi aluna da primeira turma da Escola de Cinema e membro das cooperativas Cinequipa e Cinequanon, onde montou e realizou vários filmes de cariz político – em particular, foi a principal responsável pelo imensamente polémico O ABORTO NÃO É UM CRIME, que levaria a jornalista Maria Antónia Palla ao banco dos réus. Assinou um punhado de longas-metragens (com destaque para JOGO DE MÃO, selecionado para o festival de Veneza) e teve um trabalho de enorme relevo na área da montagem (foi uma das responsáveis pela forma final de AS ARMAS E O POVO e montou o extraordinário FRANCISCA, de Manoel de Oliveira). Recuperamos a sua obra em setembro à qual juntamos uma carta branca, onde a realizadora escolheu apenas filmes realizados por mulheres. Vista de forma agregada, a obra de Monique Rutler, apesar de curta, revela o seu incessante envolvimento em causas sociais e políticas, dando particular atenção aos dramas da condição feminina (alguns dos seus filmes são sátiras ao machismo ou denúncias do sistema patriarcal), às fragilidades da terceira idade ou às potencialidades transformadoras do ensino.
 
A Cinemateca com o Queer Lisboa: William E. Jones
 
Este ano a retrospetiva conjunta da Cinemateca com o Queer Lisboa é dedicada a William E. Jones. Realizador e artista plástico norte-americano, tem vindo a desenvolver um interessante trabalho com recurso a materiais found footage para abordar inúmeras temáticas, desde o declínio do Midwest dos EUA à representação da homossexualidade masculina em universos tão distintos como a pornografia da Europa de Leste ou imagens de vigilância policial. Um olhar único e original que propõe novas interpretações sobre episódios e questões sociopolíticas da História recente a partir de imagens respigadas da Internet, fotografias tiradas de revistas e livros, entre outros materiais de arquivo.
 
Outubro 
 
A Cinemateca com o Doclisboa: Paul Leduc 

 
Nome de referência do cinema independente mexicano da década de 1970, apesar de pouco conhecido fora do México, Paul Leduc tem vindo a ser descoberto ao longo dos últimos graças ao trabalho da Filmoteca da Universidade Nacional Autónoma do México. Em outubro, em colaboração com o Doclisboa, é a vez da Cinemateca mostrar uma obra variada de um cineasta que retratou através dos seus filmes as grandes alterações políticas e socioculturais do seu país de origem na segunda metade do século XX e princípio do século XXI, assim como temas centrais para compreender a História da América Latina durante esse período.
 
José Nascimento 
 
Ainda no âmbito da celebração dos 50 Anos do 25 de Abril, a Cinemateca Portuguesa apresenta uma retrospetiva do realizador José Nascimento, um dos cineastas mais engajados durante o período revolucionário. Começou a trabalhar em cinema no exército, quando foi enviado para a Guiné como parte dos Serviços Cartográficos. Regressado a Portugal, trabalhou em televisão e como assistente de realização (de António-Pedro Vasconcelos e Fernando Matos Silva) até que chega a Revolução dos Cravos. Foi um dos fundadores da Cinequipa e aí, de forma coletiva, realizou vários filmes militantes – de onde se destaca TERRA DE PÃO, TERRA DE LUTA, sobre a reforma agrária. Foi professor de montagem da Escola de Cinema ao longo da década de 80, sendo um dos mais reputados montadores portugueses. É autor de quatro longas-metragens de ficção (TARDE DEMAIS é o seu filme com maior reconhecimento nacional e internacional) e de uma extensa carreira como documentarista. A sua obra será apresentada numa dúzia de sessões em outubro, onde se poderá reconhecer o olhar eclético deste realizador multifacetado (a sua filmografia inclui filmes de época, noirs, dramas realistas, comédias musicais, aventuras infantojuvenis, documentários etnográficos, telediscos, filmes-performance e ainda mais algumas surpresas).
 
Novembro
 
A Cinemateca com a Festa do Cinema Francês: Chris Marker 

 
Em novembro a Cinemateca, em colaboração com a Festa do Cinema Francês, organiza uma retrospetiva que se pretende integral do cinema de Chris Marker.  Cineasta, fotógrafo, viajante, escritor, Chris Marker (1921-2012) criou uma obra multifacetada que atravessou vários campos, sem se fixar. Desenvolvendo ao longo de seis décadas um cinema essencialmente documental, Marker é autor de um trabalho muito pessoal e de forte pendor ensaístico, que contribuiu decisivamente para a renovação do documentário e tem influenciado sucessivas gerações de criadores. Embora a Cinemateca tenha vindo a mostrar grande parte dos filmes de Chris Marker, esta será uma oportunidade única para vermos a sua obra em conjunto.
 
Histórias do Cinema: Art Theater Guild/Miguel Patrício 
 
Na História do cinema japonês podemos considerar que há um momento antes e depois de 1962, ano de fundação da Art Theater Guild. Primeiro enquanto distribuidora de cinema de autor nas salas nipónicas e depois na qualidade de produtora de cinema independente que veio abalar o sistema de produção local, foi a casa que deu asas à criatividade de uma nova geração de cineastas que estilhaçou completamente um país onde a produção cinematográfica era até essa altura bastante conservadora. Esta viagem por um outro lado do cinema japonês, ainda pouco conhecido no Ocidente (na verdade, como praticamente todo o cinema japonês), será feita numa edição das Histórias do Cinema organizada por Miguel Patrício, um dos maiores conhecedores do cinema feito no Japão.
 
Do Cinema de Estado ao Cinema Fora do Estado: Angola
 
Na conclusão do Ciclo “Do Cinema de Estado ao Cinema Fora do Estado”, dedicado ao cinema de três ex-colónias portuguesas, o foco será Angola. Depois de Moçambique e Guiné-Bissau, será a vez de apresentar títulos da cinematografia angolana, articulando obras históricas e filmes contemporâneos, num programa cocriado em colaboração com Maria do Carmo Piçarra, investigadora cujo trabalho tem incidido sobretudo sobre o cinema colonial português e as diferentes cinematografias que lhe sucederam após as independências.
 
Dezembro
 
Cinema Experimental Português

 
Ana Hatherly, Luís Noronha da Costa, António Palolo, Carlos Calvet, Julião Sarmento, Ernesto de Sousa, ou Ângelo de Sousa são alguns dos artistas portugueses que, nos anos sessenta ou setenta, expandiram a sua prática artística ao cinema, prosseguindo, por outras vias, experiências que vinham a desenvolver em áreas como a pintura, a escultura, o desenho ou a fotografia, ou no cruzamento entre estes vários meios. Em dezembro exibiremos na Cinemateca obras fílmicas destes e de outros artistas que, em meados do século passado, começaram a trabalhar sobretudo com película de pequenos formatos, procurando interrogar as origens de um cinema dito cinema experimental feito em Portugal.
 
Anatole Litvak
 
Depois de uma versão mais reduzida apresentada em Bolonha, na última edição do festival Il Cinema Ritrovato, chega a Lisboa uma das maiores retrospetivas dedicadas a Anatole Litvak até à data. Um percurso que começa ainda no período soviético e percorre os mais variados territórios ao longo de seis décadas: de Berlim, antes da chegada de Hitler ao poder, passando por França, a Hollywood clássica e terminando no regresso à Europa no final da carreira. «Os filmes de Litvak mergulham num mundo noturno de homens e mulheres imperfeitos e instáveis cuja crise de identidade reflete a crise do mundo entre a Revolução Russa e a Segunda Guerra Mundial – uma época de despertar e turbulência política que Litvak testemunhou em primeira mão», descreve Ehsan Khoshbakht, o curador deste programa especial, que estará na Cinemateca no arranque da retrospetiva.