Depois de dois intensos meses a percorrer a geografia cinematográfica do Irão, em abril a Cinemateca muda de rumo e parte em direção às terras frias da Finlândia e da Estónia, com o autorrádio sintonizado numa estação chamada Kaurismakilândia que apenas passa tangos finlandeses (e algum rock and roll esporadicamente).
No próximo mês voltamos à obra de Aki Kaurismäki, um dos principais autores do cinema europeu da atualidade, dono e senhor de um humor bastante peculiar (frio como as noites de inverno de Helsínquia, mas de coração sempre quente) e criador de um universo onde reinam os desavindos de todo o mundo. Além de uma retrospetiva que reunirá uma dezena de títulos da sua filmografia (dos anos 1980 aos últimos filmes que assinou), o ciclo LUZES NO CREPÚSCULO – O CINEMA DE AKI KAURISMÄKI inclui mais 10 filmes de uma carta branca que espelha o gosto cinéfilo do realizador. Mais pormenores em breve.
Aki Kaurismäki estará na Cinemateca para acompanhar os primeiros dias do ciclo, naquele que será o seu regresso às salas da Cinemateca, depois de duas passagens inesquecíveis pelas salas da Barata Salgueiro (em 2000 e 2005) da “maior exportação cinematográfica da Finlândia”.
De Helsínquia a Tallin é um instante. Que o digam os protagonistas de "Segura o Lenço, Tatjana", um dos filmes de Aki Kaurismäki para ver na retrospetiva. É precisamente da Estónia que vem outro dos grandes destaques do mês de abril na Cinemateca: O CINEMA DA ESTÓNIA: UM NINHO AO VENTO. Com uma cinematografia que remonta aos anos 1910, a Estónia atravessou o século XX fustigada por violentos conflitos e ocupações estrangeiras. Mas tal não impediu que florescesse no país, sobretudo a partir da década de 1960, um cinema nacional com uma identidade própria feito por realizadores nascidos na Estónia e falantes de estónio. É a obra de alguns destes cineastas que a Cinemateca propõe mostrar ao longo de abril, numa retrospetiva composta por 10 filmes de longa-metragem e um conjunto de curtas-metragens realizadas entre 1959 e 1989 onde passam inúmeros géneros distintos: do filme de guerra à sátira política, do filme infantil ao
noir.
A estes dois grandes ciclos de abril juntam-se as já anunciadas retrospetivas de autor dedicadas a Elio Petri (
A CRÍTICA POLÍTICA SEGUNDO ELIO PETRI, apresentada em conjunto com a Festa do Cinema Italiano) e a Jan Švankmajer (
JAN ŠVANKMAJER, O SURREALISTA, organizada em colaboração com o IndieLisboa). A programação completa de abril será anunciada até ao final desta semana.