Em fevereiro a Cinemateca continuará a trilhar os caminhos do western na sua vertente mais clássica. Mas nem só de retratos do Velho Oeste se fará a programação. No próximo mês a Cinemateca arranca com uma ambiciosa retrospetiva dedicada a Michael Curtiz, marca novo encontro com o universo de John Carpenter (com a ajuda de Jean-Baptiste Thoret) e homenageia Paul Vecchiali, mostrando o trabalho do realizador francês após a retrospetiva de 2017 que o trouxe a Lisboa, em diálogo com filmes da sua produtora Diagonale.
Michael Curtiz é conhecido sobretudo por ter realizado CASABLANCA, presença regular nas listas de filmes da vida de muitos espectadores, mas a sua obra foi muito mais do que isso e atravessou os mais variados géneros: da biografia à comédia, do terror ao melodrama, do musical aos filmes de capa e espada. Teve ainda a particularidade de ter sido fiel durante praticamente toda a sua carreira apenas a um dos grandes estúdios, a Warner, o que contribuiu para que muitos o considerassem um simples tarefeiro e não um ‘autor’ de pleno direito. Com esta grande retrospetiva, que se prolongará pelos próximos meses e reunirá mais de 80 títulos, a Cinemateca relança o debate: Michael Curtiz, autor ou “apenas” um artesão competente como tantos outros da Hollywood clássica?
De Paul Vecchiali os espectadores da Cinemateca estarão recordados da retrospetiva de 2017, organizada em colaboração com o IndieLisboa, que trouxe a Lisboa o cineasta francês. Desde então, e até 2022, ano da sua morte, Vecchiali realizou mais cinco filmes, que agora serão exibidos em jeito de homenagem ao realizador e fecho dessa marcante retrospetiva. Em paralelo com este regresso à sua obra, a Cinemateca propõe um diálogo com o trabalho desenvolvido pela Diagonale, produtora que reuniu um conjunto de cúmplices em torno da máxima “Viver no cinema ‘em diagonal’”, entre os quais o próprio Vecchiali, mas também Jean-Claude Biette (de quem serão apresentadas as curtas que encerram a retrospetiva iniciada em janeiro), Marie-Claude Treilhou ou a dupla Straub-Huillet.
Outro dos regressos marcados para fevereiro é o de John Carpenter, um dos nomes de culto do cinema norte-americano, a quem a Cinemateca dedicou uma retrospetiva em 2008, na altura integral. Desta vez a obra do mestre do terror e ficção científica das últimas décadas do século XX terá direito a uma série das Histórias do Cinema. As cinco sessões-conferência estarão a cargo de Jean-Baptiste Thoret, crítico e historiador francês, autor de livros essenciais sobre o cinema americano dos anos 1970 e vários autores dessa década, prestes a lançar uma nova publicação dedicada a John Carpenter (que já tinha abordado em Mythes et Masques no final da década de 1990).
Em fevereiro a Cinemateca receberá ainda um outro convidado de relevo: Javier Codesal, realizador, poeta e artista plástico espanhol, pioneiro da videoarte no seu país, vai estar em Lisboa para apresentar três dos seus filmes e participar numa conversa com Pedro Costa, cineasta a quem dedicou o livro Canción de Pedro Costa. Será essa obra o ponto de partida para este encontro, que incluirá a exibição do filme AS FILHAS DO FOGO de Pedro Costa.
Destaque ainda para o cinema português, com duas sessões de homenagem a José Barahona, realizador português recentemente falecido, e um programa dedicado ao cinema publicitário português, que cobre o período entre 1914 e o Cinema Novo.
O programa completo de fevereiro será anunciado nos próximos dias.