O Museu Nacional Resistência e Liberdade, que inaugura em Peniche a 27 de Abril, no local da antiga prisão política, é o local de estreia da nova cópia digital do filme A FUGA. O filme será apresentado em sessões contínuas no fim de semana de abertura, integrando a programação especial pensada para o novo monumento nacional.
É a última grande estreia simbólica do projeto de digitalização do património fílmico relacionado com o mar, que a Cinemateca desenvolveu entre 2020 e 2024, com o apoio do Mecanismo Financeiro Europeu EEAGrants, e é apresentado em colaboração com a Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E..
Baseado na célebre fuga solitária do dirigente comunista e depois deputado na assembleia Constituinte António Dias Lourenço (1915-2010), o filme acompanha o julgamento no tribunal plenário, que termina com um espancamento levado a cabo pelos agentes da PIDE, as condições de encarceramento e tortura psicológica e física, e a fuga solitária pelo mar, em 1954.
Coescrito por Luís Filipe Rocha e Arnaldo Aboim, também preso em Peniche, sublinha o exemplo de resistência e integridade de Dias Lourenço, cuja estratégia de fuga ajudou a preparar a célebre evasão de sete dirigentes comunistas, entre eles Álvaro Cunhal, em 1960.
À época, o filme demorou quase dois anos a estrear, “objetivamente marginalizado pela distribuição comercial”, alertara Jorge Leitão Ramos, num artigo para o Diário de Lisboa, onde sublinhava que em A FUGA estava “ausente todo o oportunismo e onde se sente pulsar uma inquestionável dignidade”.
O filme será apresentado em sessões contínuas nos dias 27, 28 e 30 de Abril, no auditório do Museu Nacional Resistência e Liberdade, integrando, no fim de semana de abertura, o circuito da exposição inaugural.
Nesse dia e até ao encerramento oficial do FILMar, a 30 de Abril, o filme será apresentado em Coimbra (27 e 30 Abril, Casa do Cinema de Coimbra), Guimarães (Centro Cultural Vila Flor, 28 Abril, com o CineClube de Guimarães), Lisboa (28 e 30 Abril, Cinema Ideal), e Vila Franca de Xira (30 Abril, Museu do Neorealismo), local onde Dias Lourenço nasceu. Nos dias seguintes, já em Maio, terá sessões em Évora (2 Maio, Auditório Soror Mariana, com o Cinema Fora dos Leões) e no Porto (4 Maio, Batalha – Centro de Cinema).
A FUGA é o segundo filme de Luís Filipe Rocha digitalizado no âmbito do projeto FILMar, depois do documentário SINAIS DE VIDA (1984), a partir da obra de Jorge de Sena. Em breve a Cinemateca Portuguesa apresentará a nova digitalização de CERROMAIOR (1980), adaptação do romance de Manoel da Fonseca, numa edição em DVD.