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Assunto: Programação
Data: 13/03/2025
Cinemateca e IndieLisboa dedicam retrospetiva a Binka Jeliaskova e foco a Charlie Shackleton
Cinemateca e IndieLisboa dedicam retrospetiva a Binka Jeliaskova e foco a Charlie Shackleton
A Cinemateca organiza em maio, em nova colaboração com o IndieLisboa, uma retrospetiva dedicada à realizadora búlgara Binka Jeliaskova e um foco na obra de Charlie Shackleton. As duas retrospetivas juntam-se às já habituais sessões da secção Director’s Cut, este ano com uma mão cheia de filmes de culto dos anos 1960-70 recentemente restaurados, na sua maioria primeiras exibições na Cinemateca.
 
Binka Jeliaskova (1923-2011) foi uma das relevações do Ciclo “O Moderno Cinema da Bulgária: Diálogos com o Passado”, que teve lugar na Cinemateca em outubro de 2024. Em maio, voltaremos à sua obra apresentando a totalidade dos nove filmes que realizou, grande parte em cópias 35mm provenientes do Bulgarian National Film Archive (parceiro deste ciclo), naquela que será apenas a segunda retrospetiva integral de Jeliaskova fora do seu país natal. Cineasta que abriu as 14 horas do documentário WOMEN MAKE FILM, que Mark Cousins dedicou ao cinema feito por mulheres, Binka Jeliaskova foi a primeira mulher a realizar uma longa-metragem na Bulgária. Membro do movimento estudantil antifascista, acabou por ver o regime comunista censurar a exibição de alguns dos seus filmes, realizados entre os anos 1950 e o fim da década de 1980. Uma obra plasticamente ousada e ideologicamente viva que podemos organizar em torno de três trilogias que representam os seus principais temas: a resistência, a prisão e o silêncio. Além deste ciclo, está também a ser preparado um novo caderno da Cinemateca dedicado a Binka Jeliaskova.
 
A obra de Charlie Shackleton tem sido presença assídua no IndieLisboa e também na Cinemateca, onde em 2015 foi exibido o seu filme BEYOND CLUELESS, sobre as comédias de adolescentes dos anos 1980, na secção Director’s Cut do festival. Com obra feita no campo dos filmes ensaio, este ano é-lhe dedicado um foco em que serão exibidos 11 dos seus 15 filmes (5 longas e 6 curtas, a meio caminho entre o cinema e a arte performativa), entre os quais THE AFTERLIGHT, filme de cópia em 35mm única que foi redescoberta após ter desaparecido em trânsito a caminho de Lisboa onde deveria ter sido apresentada na Cinemateca aquando da edição do ano passado do IndieLisboa, e o mais recente ZODIAC KILLER PROJECT, vindo de Sundance para um das primeiras exibições na Europa.
 
A secção Director’s Cut volta a mergulhar no cinema de património, desta feita através de novas cópias digitais recentemente restauradas de um punhado de filmes de culto. Uma curiosa, mas não menos fascinante, visita a um outro lado da História do cinema distante do grande cânone, que inclui uma obra-prima do cinema etnográfico (IRACEMA, UMA TRANSA AMAZÔNICA, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna), um filme pornográfico de ficção científica (CAFÉ FLESH, de Stephen Sayadian, autor do filme culto DR. CALIGARI) ou um dos raros filmes assinados por uma mulher iraniana no período pré-revolução islâmica naquele país (KHAKE SAR BEH MOHR/THE SEALED SOIL, de Marva Nabili) – título esse que não pôde ser exibido, por indisponibilidade de cópia, no grande ciclo “Tijolos e Espelhos - O Cinema Iraniano Revisitado (1955-2015)”, que a Cinemateca apresentou em 2023.
 
[créditos da fotografia: Irina Peeva, Didi Savova, Sonia Mircheva]