A Cinemateca celebra Património Audiovisual com Ford perdido e nova cópia 35mm de Mizoguchi
As celebrações do Dia Mundial do Património Audiovisual voltam a passar pela Cinemateca. Este ano, a data é celebrada com a exibição de THE SCARLET DROP, o filme de John Ford considerado perdido durante mais de cem anos, e uma nova cópia 35mm de SANSHO DAYU (O Intendente Sansho), de Kenji Mizoguchi, produzida pelo laboratório do ANIM. Haverá ainda uma visita aos arquivos da Cinemateca dirigida a professores, organizada pela equipa da Cinemateca Júnior em colaboração com o Plano Nacional de Cinema.
O Dia Mundial do Património Audiovisual tem lugar no dia 27 de outubro e é comemorado pelos membros da FIAF – Federação Internacional dos Arquivos de Filmes –, que assim celebram a data em que, na Assembleia Geral de Belgrado em 1980, a UNESCO adotou a Recomendação para a Salvaguarda e a Conservação das Imagens em Movimento.
Na Cinemateca, as celebrações arrancam precisamente no dia 27, com a exibição de dois filmes. Às 16h30, será exibido SANSHO DAYU (O Intendente Sansho), de Kenji Mizoguchi, numa nova cópia 35mm produzida no laboratório do ANIM, e às 19h, THE SCARLET DROP, um dos títulos de John Ford considerados perdidos até ao ano passado, quando foi descoberta uma cópia quase completa num armazém em Santiago do Chile. Protagonizado por Harry Carey, primeira grande figura da família fordiana, e já com algumas marcas do cinema do realizador, THE SCARLET DROP vai ser apresentado com acompanhamento ao piano por Joana Rolo na versão restaurada digitalmente pela Cineteca Nacional do Chile que conserva as tonalidades originais de 1918, e, a pedido de quem a achou, as marcas do tempo. Ambos os filmes terão uma segunda passagem: THE SCARLET DROP repete a 29 de outubro às 15h30 (sem acompanhamento ao piano) e SANSHO DAYU no dia 31 às 21h30.
Ainda no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Património Audiovisual, no dia 30 a Cinemateca Júnior, em colaboração com o Plano Nacional de Cinema, organiza uma visita presencial ao Arquivo Nacional da Imagem em Movimento com 30 professores do ensino básico médio e secundário para promover e divulgar este espaço de conservação para a comunidade escolar.
Nota: contrariamente ao anunciado na notícia publicada de ontem, a cópia do filme de John Ford descoberta em Santiago do Chile no ano passado e recentemente restaurada que iremos exibir no contexto das comemorações do Dia Mundial do Património Audiovisual na Cinemateca não corresponde à totalidade do filme, faltando o equivalente a uma bobine.
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Joana Rolo é pianista, formada em Lisboa, Cracóvia e Roterdão, onde estudou com Aquiles Delle Vigne e Jean-Bernard Pommier. Apresenta-se regularmente em recitais a solo, música de câmara e com orquestra um pouco por todo o mundo. A sua curiosidade insaciável empurrou-a para territórios menos convencionais: improvisação, dança contemporânea, teatro musical e, claro, cinema mudo — onde descobriu que um piano pode contar histórias tão bem quanto uma câmara. O formato cine-concerto tem-lhe inspirado colaborações com festivais como o Rotterdam Silent Film Festival, FilmFest Setúbal e a Cinemateca Portuguesa. Paralelamente, em 2022 lançou Compositores Portugueses no Mundo, um ciclo de recitais-conferência com apoio do Instituto Camões, que tem mostrado a beleza da música clássica portuguesa além-fronteiras. Com a soprano Elvire de Paiva criou o Vocalini, um projeto — com concertos, atividades escolares, canal de YouTube e programa de rádio — que tem mostrado às crianças de todo o país que também elas podem cantar ópera! Além dos palcos, dedica-se com paixão à educação artística e apresenta programas de rádio e podcasts, sempre com o intuito de divulgar a música clássica de forma original e acessível. Licenciada também em História da Arte, é diretora artística do festival Músicas de Uma Noite de Verão. Quando não está ao piano, nada, dança ou dobra origamis.