Para muitos, é uma das maiores atrizes de cinema e teatro franceses de todos os tempos. Marguerite Duras, que trabalhou com ela nas duas artes, referiu-se a Bulle Ogier como “oceânica” a propósito do seu desempenho em LE PONT DU NORD, de Jacques Rivette. Este é o mote para a Cinemateca lhe dedicar uma mostra em julho, focando o trabalho de uma atriz que chegou ao cinema no final da década de 1960, tendo desde então continuado a trabalhar com realizadores das mais variadas gerações (a última vez que a vimos no grande ecrã foi num recente filme de Claire Dennis, datado de 2022).
A sua estreia no cinema dá-se precisamente com Rivette em L’AMOUR FOU (para ver no dia 5 às 16h na sala Luís de Pina) após um percurso de formação pouco convencional, fortemente influenciado pela sua ligação a Marc’O, vulto maior do universo intelectual e artístico francês da sua geração (foi, em simultâneo, um dos escritores ligados ao lettrisme, encenador de teatro e cineasta, autor de LES IDOLES, um dos filmes que integram este programa). Esta experiência prévia fez de Ogier uma atriz diferente das não atrizes que marcaram o período da Nouvelle Vague, a quem era pedido uma presença e um comportamento e não a composição de uma personagem.
Concentrado em interpretações entre as décadas de 1960 e 1980, com um pequeno desvio pelo presente século (mais precisamente em BELLE TOUJOURS, de Manoel de Oliveira, um dos títulos da temporada de cinema na esplanada), o ciclo
Bulle Ogier, Atriz Oceânica traça o percurso de uma atriz que trouxe aos filmes em que participou uma presença simultaneamente etérea e de uma força avassaladora. Nele estão incluídas, além dos já referidos filmes de Marc’O e Oliveira, obras de Rivette, com quem trabalhou regularmente nos filmes mais radicais do cineasta, Alain Tanner, Marguerite Duras, Barbet Schroeder, Werner Schroeter ou André Téchiné, entre outros.
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