“Para mim, a montagem à distância abre os mistérios do movimento do universo. Posso sentir como tudo é feito e colocado em relação; posso sentir o seu movimento rítmico.”
Artavazd Pelechian
Artavazd Pelechian vem à Cinemateca em maio apresentar a sua obra cinematográfica e participará numa conversa com o público, numa iniciativa realizada em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian.
Nascido na Arménia em 1938, Artavazd Pelechian é um dos mais importantes cineastas do presente cuja obra começou a ser conhecida no Ocidente a partir de meados dos anos oitenta. Mestre absoluto da montagem, Pelechian é autor de uma filmografia breve, mas magnífica, composta essencialmente por curtas-metragens de natureza documental assentes em imagens de arquivo, mas também em imagens por si filmadas, reveladoras de uma poética única e do poder transformador do cinema.
Desenvolvendo-se ao longo de três décadas, o início da sua obra cinematográfica remonta a meados da década de sessenta, o período em que frequentou o conhecido institudo de cinema de Moscovo, o VGIK, momento em que estabelece ainda as bases de uma reflexão teórica, que desenvolverá paralelamente à prática cinematográfica. Os últimos filmes, os belíssimos FIM e VIDA, datam de meados dos anos noventa, altura em que Pelechian deixa de filmar.
É desde o início clara a sua relação com a tradição clássica soviética da montagem, mas também a sua singularidade, como revela o seu conceito de “montagem à distância”. Através de uma apurada manipulação das imagens de base com que trabalha em que a música desempenha um papel essencial, Pelechian constrói um cinema que se desenvolve à margem do cinema dominante em que o homem é retratado como parte de um mundo em movimento incessante, numa visão verdadeiramente única do cinema e do mundo.