O início de uma retrospetiva dedicada a Anatole Litvak e a conclusão de outra dedicada a Chris Marker são as principais propostas da Cinemateca para terminar 2024. No ano em que os 50 anos do 25 de Abril estiveram em grande destaque na programação, em dezembro também é chegado o tempo de dar por encerrado o Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?, com os últimos títulos dos eixos Comunidade e Futuro.
Um dos muitos realizadores que partiram da Europa em fuga dos asfixiantes anos 1930 no Velho Continente rumo a Hollywood, onde deram um fortíssimo contributo para o sucesso industrial do cinema norte-americano naquele período, Anatole Litvak ainda não é um nome tão lembrado como o de muitos outros. Provavelmente por não ter um estilo tão identificável, como o célebre toque de Lubitsch ou o pessimismo "romântico" de Lang, será eventualmente menos lembrado hoje do que alguns dos títulos dos filmes que realizou. Em dezembro, a Cinemateca inicia uma retrospetiva, que se prolongará por janeiro, de um realizador bastante interessante que assinou um punhado de obras marcantes em diferentes géneros cinematográficas e não apenas nos Estados Unidos. Uma revisão da obra de Litvak ao longo de mais de 20 títulos, num programa desenhado com a ajuda de Ehsan Khoshbakh (diretor de programação do Il Cinema Ritrovato de Bolonha e responsável pela retrospetiva que esse festival dedicou este ano a Litvak, que em Lisboa se apresenta em formato mais alargado), que virá à Cinemateca apresentar a retrospetiva.
Enquanto a retrospetiva Litvak faz a ponte para 2025, a que é dedicada a Chris Marker chega ao fim em dezembro. Para a conclusão do Ciclo Chris Marker – A Memória das Imagens, concentramo-nos no trabalho do realizador assinado a partir da década de 1970, sobretudo obras de ficção e em novos suportes (nomeadamente os vídeos), sem, contudo, deixarem de ser apresentados alguns documentários, como é o caso dos filmes retrato de cineastas admirados por Marker: Akira Kurosawa (A.K.) Alexandre Medvedkine (LE TRAIN EM MARCHE), Andrei Tarkovski (UNE JOURNÉE D'ANDREI ARSENEVITCH). Para encerrar o programa com chave de ouro, a Cinemateca recebe no dia 7 de dezembro Bernard Eisenschitz, historiador de cinema e crítico que, ao longo dos anos, tem escrito sobre o trabalho de inúmeros cineastas, entre os quais Chris Marker, para apresentar uma conferência sobre a sua obra.
Dezembro será também o mês da despedida do programa Que Farei Eu com Esta Espada?, com que a Cinemateca celebrou o espírito de Abril ao longo dos últimos meses. Serão apresentadas as derradeiras propostas dos eixos Comunidade e Futuro: no eixo da Comunidade são dez filmes em que a ideia de comunidade cruza diversas vozes distintas sobre esta questão, enquanto o eixo do Futuro incidirá nas possibilidades infinitas do cinema ser uma janela para o mundo.
Ainda ao longo do mês de dezembro a Cinemateca vai receber uma nova aula aberta protagonizada por Robert Pippin (o filósofo norte-americano regressa à Cinemateca pela terceira vez e de novo à obra de Bresson, agora para abordar o filme UN CONDAMNÉ À MORT S’EST ECHAPPÉ) e regressa a ONE FROM THE HEART para homenagear a atriz Teri Garr, falecida recentemente.