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Assunto: Programação
Data: 06/02/2023
A crítica política segundo Elio Petri: retrospetiva em abril
A crítica política segundo Elio Petri: retrospetiva em abril
Em abril a Cinemateca mergulha no universo de Elio Petri (1929-1982) com uma retrospetiva integral dedicada ao autor de um dos olhares mais mordazes da política italiana nas décadas de 60 e 70 do século passado.
 
Organizada em colaboração com a 16ª edição da Festa do Cinema Italiano, a retrospetiva irá apresentar a totalidade da obra de um realizador atualmente algo esquecido, mas cujo trabalho foi bastante popular à época e o levou a ser considerado um dos grandes nomes do cinema italiano.
 
A sua carreira começou como assistente de Giuseppe De Santis (no clássico do neorrealismo RISO AMARO / Arroz Amargo), antes de avançar para uma carreira em nome próprio onde assinou títulos como INDAGINE SU UN CITTADINO AL DI SOPRA OGNI SOSPETTO / Inquérito a Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (1970) e LA CLASSE OPERARIA VA IN PARADISO / A Classe Operária Vai Para o Paraíso (1971), dois filmes que lhe deram reconhecimento internacional: o primeiro conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o segundo a Palma de Ouro em Cannes (ex-aqueo com O Caso Mattei, de Francesco Rosi, outro título fundamental do cinema político italiano dos anos 1970).
 
Dono de um olhar bastante crítico e cáustico da sociedade italiana saída do período do chamado milagre económico italiano (do pós-Guerra ao final da década de 1960), Petri nunca gerou consenso nos meios de Esquerda em que se movimentava por rejeitar o modelo tradicional do filme engajado politicamente. Foi criticado pelo Partido Comunista Italiano, de quem se desfiliou em 1956 na sequência da Revolução Húngara, e pelos sindicatos a quem pouco agradava o retrato da classe operária (uma das suas obsessões) nos seus filmes, mais existencialista do que sociológico.
 
O seu «pessimismo lúcido, mas nunca cínico», nas palavras de Charles Tesson nos Cahiers du Cinéma, resultou numa obra de 11 filmes de ficção de longa-metragem e alguns documentários de curta e média metragem, interrompida com a sua prematura morte aos 53 anos, que permanece em larga medida inédita nas salas da Cinemateca e onde poderá ser descoberta no próximo mês de abril.