Na tipologia documental a que na Cinemateca designamos de “press-sheets” (e que conta atualmente com cerca de 12.000 documentos em papel e cerca de 1.100 documentos em formato digital das mais variadas formas, origens geográficas, épocas e estilos) englobam-se, na realidade, diversos tipos de documentos que, se comungam do mesmo objetivo e função geral de promoção e marketing dos filmes, diferem entre si pelos discursos próprios veiculados. Especificando essa diversidade, encontram-se aqui organizados tanto os folhetos “que o assessor de imprensa de um produtor, um distribuidor ou um autor distribui aos jornalistas para lhes fornecer informações sobre o enredo e a produção do filme” (a citação é de Giovanni Grazzini, na sua definição de “press-books”) como também as brochuras elaboradas pelos produtores para a promoção dos novos filmes junto dos distribuidores e/ou exibidores, e ainda – embora com menor presença na coleção – os álbuns-recordações de um filme (não confundir com os programas de salas, que ostentam o local e evento específicos).
Se é pois verdade que todas servem o propósito de promoção e marketing, a linguagem utilizada é evidentemente distinta, desde logo porque na primeira e segunda categorias encontramos como destinatários um público específico e informado (críticos de cinema e distribuidores/exibidores, respetivamente) e na terceira o público cinéfilo em geral. Para estes, encontramos então os referidos álbuns-recordações de filmes, profusamente ilustrados (note-se, a título de exemplo, os
livros editados pela firma italiana Lux Film) e com informações sobre a obra, os intérpretes e a equipa de produção.
A mesma informação textual é incluída nos dossiers distribuídos à imprensa especializada, a que se junta ainda informação detalhada sobre a produção do filme que, como o indica Bryony Dixon, frequentemente “não é obtenível noutras fontes”
[i]. Apesar de também nestes dossiers se poderem encontrar diversas manifestações da criatividade e engenho empregues para vender o filme (os críticos em exercício no início dos anos 90 lembrar-se-ão certamente da mala de cartão que receberam com o dossier de imprensa do filme
Home Alone /
Sozinho em Casa, de Chris Columbus), é no conjunto de brochuras destinadas a distribuidores e/ou exibidores que se encontram os exemplos mais expressivos desta ferramenta de comunicação.
Nestes manuais de campanha publicitária, cuja invenção é atribuída a Edward L. Berways (sobrinho de Sigmund Freud e um dos pioneiros da publicidade e das relações públicas) com a criação em 1917 da campanha publicitária para o filme
Cleopatra, e que serviam de orientação sobre a forma de “vender” localmente o filme, incluíam-se, para além da apresentação do filme, do elenco e da equipa técnica, exemplos de
slogans publicitários, imagens dos materiais gráficos disponíveis e mesmo, por vezes, um encarte com os anúncios para os jornais com indicação das especificações de composição tipográfica necessárias.