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Assunto: Gestos & Fragmentos
Data: 14/05/2021
O Museu vai a casa
O Museu vai a casa
Câmara de filmar de 16mm
Paillard-Bolex H-16 Deluxe
Paillard - Bolex            
Suíça, 1954
CP-MC | PF2903/000

 
Câmara de filmar de 16mm; capacidade de bobina 30m; carregamento automático; motor elétrico com velocidade constante; torre giratória com capacidade para 3 objetivas intermutáveis; velocidade variável 8, 16, 24, 32 e 64 ips; contador de metragem e de fotogramas; rebobinador manual; número de fabrico 99337.
E. Paillard & Co. é fundada em Sainte-Croix, Suíça, em 1814, por Möise Paillard. Dedicava-se à construção de mecanismos para relógios e para caixas de música a partir de uma pequena oficina no rés-do-chão da sua casa. A Paillard vai crescendo com a abertura de uma fábrica de produção em Ste-Croix para o fabrico de caixas de música e alguns anos tarde abre uma instalação adicional em Yverdon, Suíça, para a produção de máquinas de escrever Hermes. Este local viria a servir como centro da divisão de administração executiva e pesquisa da Paillard S.A. Mas a sua ligação ao cinema só viria a acontecer em 1930 quando a Paillard adquire a empresa Bolex de Jacques Bogopolsky, um engenheiro ucraniano, baseado em Genebra, Suíça, formando a Paillard-Bolex -- a divisão de cinema da Paillard S.A.  Bogopolsky registou uma patente para o "BOL-Cinegraphe", uma combinação de câmara e projetor de 35mm que se destinava ao mercado amador e uma linha de duas câmaras e um projetor 16mm, Auto Cine (A,B,C), sob o nome Bolex.  O sucesso da Paillard Bolex começa a partir de 1935 com o lançamento da série de câmaras 16mm H-16 e as câmaras de 9,5mm H-9.  A expansão é notável com a abertura de filiais nos EUA. Em 1950 é lançada câmara H16 Deluxe e simultaneamente é publicado o primeiro número da Bolex Reporter; uma revista trimestral gratuita para os proprietários registados de câmaras Bolex e em lojas de revendedores autorizados nos EUA. Em 1970, Paillard Bolex é renomeada para Bolex International S.A. como resultado da reestruturação da empresa e da necessidade de competir com o crescente mercado Super 8. Enquanto o desenvolvimento do H-16 continuaria na Suíça, os futuros produtos seriam fabricados na Áustria, Itália e Japão.
Na década de 1960, António Campos, a quem pertenceu este exemplar, tornou-se funcionário da Fundação Calouste Gulbenkian onde, até 1977, filmou registos de várias exposições. Nesse período e usando já a Paillard-Bolex H-16 que doou à Cinemateca em 1998, filmou vários projetos individuais, entre os quais A Invenção do Amor (1965), baseado no poema homónimo de Daniel Filipe e seu primeiro filme rodado com uma equipa, por muitos considerado como um dos melhores filmes do cinema português daquele período; Vilarinho das Furnas (1971) e Falamos de Rio de Onor (1974), resultado da sua relação próxima com Jorge Dias, Veiga de Oliveira, Benjamin Pereira e Fernando Galhano no Museu de Etnologia. António Campos, ainda em vida foi entregando à Cinemateca cópias dos seus filmes, bem como dezenas de livros, fotografias, e grande parte dos seus equipamentos cinematográficos, onde se destaca esta magnífica Paillard-Bolex H-16 Deluxe de 16mm, guardada no seu estojo de cabedal castanho original, com uma etiqueta com o seu nome e acompanhada de um rol de acessórios como objetivas sobresselentes, caixas de filtros e motores elétricos.