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Assunto: Gestos & Fragmentos
Data: 16/04/2021
O Museu vai a casa
O Museu vai a casa
Projetor de 35mm
Cinématographe Lumière
Jules Carpentier para Auguste e Louis Lumière
França, 1897 ca
CP-MC|GF392

 
Auguste (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948) gozavam já de uma enorme reputação como fabricantes de material fotográfico quando se interessaram pelo cinema. A sessão que organizaram em Paris, em dezembro de 1895, ocupa um lugar de destaque em todas as histórias do cinema. O seu Cinématographe podia ser usado como câmara de filmar ou como projetor, o que deu uma grande liberdade aos operadores que enviaram pelo mundo para explorar a nova invenção. Mais tarde, seria criado um projetor simplificado, de que a Cinemateca possui um dos raros exemplares conhecidos, construído por J. Carpentier sob a patente Lumière, com a referência S.01003 e nº de fabrico 44.
“Manuel Félix Ribeiro contou a Alves Costa: comprara (em 1975, 76?), com destino à colecção do Museu da Cinemateca uma positivadora em que a parte mecânica se encontrava completamente encerrada numa caixa de madeira apenas com uma abertura interior e outra posterior de forma a permitir a passagem da fonte luminosa sobre o fotograma a copiar. “Não havia qualquer dúvida quanto à especificidade do aparelho”, disse. E continuou: “Todavia, essa caixa de madeira, embora cuidada, não parecia ser de origem. Esse facto aguçou-me a natural curiosidade no sentido de conhecer as características do aparelho que ali se encontrava escondido. E assim, um dia, com todos os cuidados, comecei por retirar a parede posterior da referida caixa do
aparelho, logo me despertou a atenção a existência de uma marca de configuração elíptica, contendo a inscrição J.Carpentier – Paris. Ora é sabido que os irmãos Lumière
haviam confiado a um construtor especializado em aparelhos de precisão a fabricação de novos modelos a partir do protótipo do seu “Cinematógrafo”, construído nas próprias oficinas da fábrica Lumière pelo mecânico – chefe Etienne Moisson. (…) Isto mais me espevitou a curiosidade. (…) O certo é que continuei com a descamuflagem do aparelho e cautelosamente desmontei a parede anterior da caixa de madeira. E ante a natural surpresa e o meu espanto, surgia, gravada na base metálica do aparelho, o nome que aqui está a ver: Cinématographe Lumière (…)”
 
(Texto retirado da obra “Da Lanterna Mágica ao Cinematógrafo” de Alves Costa, Edição da Cinemateca Portuguesa, 1980. p.109)