Lanterna Mágica
Bi-unial
Autor n/ identificado
Inglaterra, 1880 ca
Col. CP-MC | PC393
A bi-unial apresenta duas lanternas fixadas uma em cima da outra. O corpo de mogno é equipado com quatro portas com painéis, duas em cada lateral, cada uma com uma janela de vidro emoldurada em latão, estilo vigia. O interior é revestido de metal e a chaminé tem um canal duplo para a saída de fumo e calor. O suporte ótico – com sistema de pinhão e cremalheira para focar – e os mecanismos de ajuste para a projeção são em latão. Na parte traseira da lanterna, um suporte amovível sustenta uma cortina em veludo vermelho escuro para não deixar escapar a luz. Este exemplar está adaptado com um sistema de iluminação elétrica e é frequentemente usado para a realização de espetáculos de lanterna mágica. Foi utilizada em vários espetáculos nas salas da Cinemateca e noutras salas portuguesas por David Francis e Joss Marsh, Mervyn Heard, Jeremy e Carolyn Brooker, entre outros.
Tecnicamente, este tipo de lanterna, como a palavra
bi-unial indica, é um dois em um. Dois sistemas óticos e dois sistemas de iluminação permitem que o público observe as imagens em continuidade, sem interrupções para a mudança de vidros, e/ou dois vidros em simultâneo, proporcionando sofisticados efeitos de dissolvência
[1]. Esta solução foi possível graças à adoção de um sistema de iluminação a gás que funcionava com injetores para
limelight e um sistema de torneiras doseadoras para regular a intensidade da luz. Esta conquista técnica – uma luz muito mais incandescente, intensa e brilhante do que a iluminação a petróleo – fez com que a partir daquele momento a utilização de uma lanterna
bi-unial fosse o marco de distinção e prestígio de qualquer lanternista profissional. Na segunda metade do séc. XIX a lanterna mágica e os grandes espetáculos atingem o seu auge, com maior incidência e popularidade em Inglaterra.
[1] As dissolvências –
dissolving views – são um tipo de vidros complementares com efeitos de passagem dia/noite, mudança das estações e surpreendentes aparições.