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Assunto: Gestos & Fragmentos
Data: 27/01/2023
O Museu vai a Casa
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Projetor de 9,5 mm
Super Pathé-Baby 
Pierre Victor Continsouza para Pathé-Cinéma
Concessionário para Portugal e Colónias - Pathé Baby Portugal Lda., Porto
França, 1926 >
CP-MC | PF968/000
Legado Vasco Callixto e Júlia Callixto

 
Projetor de 9,5 mm; lanterna e lâmpada incorporada; motor elétrico Pathé Baby; manivela para avanço da película; braço metálico para bobinas com 17 cm de diâmetro e capacidade até 100 m; recipiente para recepção da película; suporte para carregador 9,5 mm (com 10 m de película); disco Baby-Color com 5 filtros de cores diferentes; número de fabrico: 177002.
 
Os projetores 9,5 mm da Pathé, lançados no mercado em 1922, foram criados a pensar nas sessões de cinema domésticas com filmes comprados ou alugados nas lojas dos representantes da marca espalhados por todo o mundo. Por esse motivo, os projetores antecederam as câmaras (manuais e de corda), lançadas apenas a partir de 1923. Ao longo dos anos 20, o sucesso da linha Pathé Baby, com o lançamento de vários acessórios e dispositivos, consagrou-se no mercado dando origem ao enriquecimento das coleções de filmes pessoais e de distribuição, tornando as sessões cada vez mais frequentes e de maior duração.  Este projetor faz parte do Legado Vasco Callixto e Júlia Callixto.
Charles Pathé (1863-1957) descobriu o fonógrafo e o quinetoscópio de Edison em 1894. No ano seguinte abriu a sua primeira loja em Vincennes na qual comercializava cópias dos aparelhos de Edison que trouxe de Inglaterra. Embora tenha conseguido gravar cilindros fonográficos nas suas instalações, Pathé não conseguiu criar novas películas para o quinetoscópio. Com fundos para investir, mas sem conhecimentos para realizar os seus objetivos, associa-se a Henri Joly para construir uma câmara capaz de fazer filmes. Em agosto de 1895 é patenteada uma primeira câmara, mas a associação entre os dois terminou no final do ano com o aparecimento do “Cinématographe Lumière”. Em setembro de 1896, Charles junta-se ao seu irmão Emile (1860-1937) e cria a empresa Pathé Frères. Enquanto Emile estava à frente do ramo fonográfico, Charles dedica-se ao negócio cinematográfico que, ao início, representava uma pequena atividade da empresa. Em 1897, os irmãos Pathé, com o apoio financeiro de Claude Grivolas, um industrial rico, formam a Compagnie générale de cinématographes, phonographes et pellicules. A empresa também assumiu uma participação na Manufacture française d'appareils de précision de René Bünzli e P.V. Continsouza, antes de a absorver totalmente em 1900 e se tornar a Compagnie générale de phonographes, cinématographes et appareils de précision. A ascensão da empresa foi enorme e, em 1907, quando o sistema de aluguer de filmes substituiu a venda, a Pathé já se tinha tornado o principal produtor mundial de filmes. A empresa tinha filiais em todo o mundo, fábricas em Vincennes, Joinville e Chatou (para o fonógrafo), estúdios cinematográficos em Vincennes e Montreuil, e começou a criar uma rede de salas de cinema. Pathé foi também o primeiro fabricante de equipamento cinematográfico profissional, sob a direção de Continsouza, antes de entrar no mercado das câmaras amadoras em 1912 com a Pathé KOK. Nesse mesmo ano, a empresa torna-se a Compagnie générale des établissements Pathé Frères, phonographes et cinématographes e abre uma nova fábrica para o fabrico de película virgem. No rescaldo da guerra, as atividades fonográficas e cinematográficas são separadas entre as empresas Pathé Frères e Pathé Cinéma, respetivamente. Em 1920, a Pathé começa a abandonar gradualmente a produção de filmes e encerra um grande número de filiais. A Pathé Cinéma concentrou-se no fabrico de película virgem, enquanto para a distribuição de filmes foi criada a Pathé Consortium. Não se focando apenas no mercado profissional, a companhia interessou-se também pelo mercado amador, disponibilizando a linha Pathé Baby na década de 1920, constituída por câmaras e projetores de pequeno formato (9,5 mm). Fabricada por Continsouza e lançada no Natal de 1922, a Pathé Baby foi mais uma das inúmeras inovações que a companhia trouxe para a indústria de cinema. Mais tarde, a Pathé apostaria também nos formatos de 8 mm, 16 mm e Super 8, de custo reduzido e fácil manuseamento, possibilitando assim às famílias ver e fazer cinema em casa. Em 1927, Charles Pathé retirou-se dos negócios quando a sua empresa se associou à Kodak para criar a Kodak Pathé. Com a chegada do cinema sonoro, a Pathé Cinéma, ficou sob o controlo de Bernard Natan, antes de ser declarada falida em 1936, uma falência que foi definitivamente concluída em 1943, dando origem à Société nouvelle Pathé Cinéma.