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Assunto: Joana Pimentel
Data: 14/06/2018
Joana Pimentel (1953-2018)
Joana Pimentel (1953-2018)
Foi uma das pessoas que muito contribuiu para a construção do organismo que hoje somos. Joana Pimentel (nascida em 1953, com um percurso de vida que passou pelos Açores e por uma adolescência em Angola, donde regressou para frequentar a Faculdade de Direito de Lisboa), entrou para a Cinemateca Portuguesa em 1990, onde veio a exercer várias funções, começando pelo apoio à Direção, quando trabalhávamos na implantação do ANIM (Arquivo Nacional das Imagens em Movimento). Em Outubro de 1996, no momento em que as novas instalações do arquivo no Freixial abriram as portas, passou a integrar a equipa desse departamento como responsável de toda a atividade relacionada com a prospeção e entrada de materiais fílmicos e a relação com produtores e depositantes. Aí desempenhou então um papel decisivo, devendo-se em grande parte a ela não só a localização e a incorporação de coleções importantes de filmes de vários setores estatais na altura ainda não conservados na Cinemateca como, em termos mais amplos, o êxito dos esforços de convencimento dos detentores de património fílmico, públicos e privados, a procederem ao depósito voluntário desse património nos novos depósitos do ANIM, para fins de adequada conservação. Coleção a coleção, título a título, bobine a bobine, deve-se ao seu esforço uma parte significativa do acervo que hoje está depositado e preservado nesses depósitos, ou seja, o património cinematográfico hoje salvaguardado pelo Estado.
Uma parte deste património é a que diz respeito aos filmes relacionados com as antigas colónias portuguesas, uma área em que teve uma prestação fundamental. Por gosto e conhecimento, Joana Pimentel procurou, localizou, promoveu o depósito e a preservação de muitas obras desta componente do acervo. Mais do que isso, para essas como para as outras imagens relacionadas com a mesma temática que já antes tinham sido arquivadas na Cinemateca, terá sido a primeira espectadora atenta delas desde que as mesmas tinham sido mostradas nos seus circuitos originais, ou seja, a primeira a analisá-las com um mínimo de distância, ou, em rigor, a sua primeira investigadora. Ninguém como ela conhecia essa coleção, e com isso tornou-se um dos pilares do trabalho subsequente que tem vindo a ser feito nessa área, dentro do arquivo, fora do arquivo e com o arquivo, incluindo, com destaque, os novos estudos levados a cabo no âmbito da investigação académica. Numa palavra, os estudos sobre a imagem em movimento de âmbito colonial, num sentido muito lato, devem-lhe e dever-lhe-ão sempre muito.
Obrigado, Joana.
 
José Manuel Costa

Notas

Fotografia: André Marques/Observador