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Assunto: Gestos & Fragmentos
Data: 26/05/2020
Histórias do Cinema: Jonathan Rosenbaum / Orson Welles
Histórias do Cinema: Jonathan Rosenbaum / Orson Welles
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sessão-conferência de 14 de junho de 2016, sobre o filme CITIZEN KANE / O MUNDO A SEUS PÉS

sessão-conferência de 15 de junho de 2016, sobre o filme OTHELLO / OTELO

sessão-conferência de 16 de junho de 2016, sobre o filme TOUCH OF EVIL / A SEDE DO MAL

sessão-conferência de 17 de junho de 2016, sobre o filme THE TRIAL / LE PROCÈS / O PROCESSO

sessão-conferência de 18 de junho de 2016, sobre o filme F FOR FAKE

Jonathan Rosenbaum é um dos críticos e investigadores mais conhecidos da sua geração. Colaborou regularmente no Chicago Reader e no Village Voice e em revistas como os Cahiers du Cinéma, Sight & Sound, Trafic, Cineaste e Film Quarterly e publicou diversos livros, entre os quais Essential Cinema: On the Necessity of Film Cannons; Moving Places: The Practice of Film Criticism e Goodbye Cinema, Hello Cinephilia: Film Culture in Transition, além de estudos sobre GREED (Erich von Stroheim) e DEAD MAN (Jim Jarmusch). É membro do júri que premeia os melhores dvds do ano, no âmbito do Festival Il Cinema Ritrovato. Como crítico, abordou tanto o cinema clássico como o moderno, tendo sido um dos mais ardentes defensores do cinema de Jacques Rivette e Chantal Akerman. A obra e o percurso de Orson Welles são uma das suas grandes paixões, manifesta através de inúmeras conferências e artigos, que foram coligidos no volume Discovering Orson Welles (2004). Foi conselheiro artístico para a versão restaurada de TOUCH OF EVIL, em 1998.
Orson Welles (1915-85) é uma das mais célebres e míticas figuras do cinema. Menino-prodígio que realizou aos 26 anos um filme que é um marco da História do cinema, CITIZEN KANE, Welles foi também o protagonista de uma vida caótica e deixou vários filmes inacabados, em parte por transgredir as regras estabelecidas, em parte por inconstância e irregularidade intrínsecas. Vindo do teatro e da rádio, onde é muito ativo nos anos trinta, realiza uma curta-metragem em 1934, THE HEARTS OF AGE, e em julho de 1939 chega a Hollywood. Depois de realizar CITIZEN KANE e de rodar THE MAGNIFICENT AMBERSONS, parte em 1942 para uma viagem ao Brasil que se prolongou por vários meses e que resultou no primeiro dos seus filmes inacabados, IT’S ALL TRUE, enquanto a montagem de THE MAGNIFICENT AMBERSONS era impiedosamente alterada pela RKO. Depois de THE LADY FROM SHANGHAI, que foi pessimamente recebido, Welles expatriou-se em 1949, realizando, no meio de grandes dificuldades, OTHELLO e CONFIDENTIAL REPORT. Em 1957, volta a Hollywood, para o esplêndido TOUCH OF EVIL (lançado numa versão mais curta do que a que conhecemos), mas esta foi a última vez que realizou um filme na “capital do cinema”. Sem jamais perder o prestígio de realizador de génio, nem a fama de irresponsável, Welles seguiu uma carreira paralela de ator, geralmente em curtas aparições e ainda conseguiria realizar dois filmes em condições adequadas, THE TRIAL e CHIMES AT MIDNIGHT. O epílogo da sua carreira de realizador veio com F FOR FAKE (1974) e FILMING OTHELLO (1978). Uma última tentativa, THE DREAMERS (1980), ficou inacabada. Personagem de si mesmo e autor de uma obra incomum, Welles foi um cineasta, como observou João Bénard da Costa, depois de quem “nada ficou igual ao que era antes. Como escreveu Godard, todos sempre lhe deveremos tudo”.
PROGRAMA
 
CITIZEN KANE
O Mundo a Seus Pés
de Orson Welles
com Orson Welles, Joseph Cotten, Everett Sloane, Dorothy Comingore, Paul Stewart
Estados Unidos, 1941 – 119 min
Com BIRTH OF A NATION de Griffith (1915) e À BOUT DE SOUFFLE de Godard (1960), este primeiro filme de Orson Welles, realizado quando o cineasta tinha 26 anos, é reconhecido como um grande salto na história da evolução da linguagem cinematográfica. A profundidade de campo, os enquadramentos em ligeiro contrapicado ao nível do chão, o plano sequência natural ou artificial (recorrendo a efeitos especiais), vieram abrir novos caminhos para a realização. Tudo isto ao serviço de um argumento que é também um dos mais bem escritos de sempre, sobre a vida de um potentado da imprensa, Charles Foster Kane, inspirado em William Randolph Hearst, cuja vida é narrada em “flashbacks” por aqueles que o conheceram.
 
 
OTHELLO
Otelo
de Orson Welles
com Orson Welles, Micheal MacLiammoir, Suzanne Cloutier
Estados Unidos, França, Itália, Marrocos, 1952 – 92 min
Adaptação da tragédia de Shakespeare num dos mais fascinantes filmes de Orson Welles, prodigiosa lição de cinema, cuja montagem é um perfeito jogo de ilusões, na forma como manipula o espaço e o tempo dando uma impressão de continuidade. Poderia ter sido um dos muitos filmes inacabados de Welles, mas não foi. Em 1978, no documentário FILMING OTHELLO, Welles contaria o que foi a odisseia da sua filmagem ao longo de três anos e meia dúzia de países.
 
TOUCH OF EVIL
A Sede do Mal
de Orson Welles
com Charlton Heston, Janet Leigh, Orson Welles, Akim Tamiroff, Marlene Dietrich
Estados Unidos, 1958 – 108 min
A obra que marca o regresso de Orson Welles aos Estados Unidos, dez anos depois de THE LADY FROM SHANGHAI, é uma alucinante investida no filme negro, e um pungente solilóquio sobre o mal. Welles também domina o filme como intérprete, na figura de um polícia que impõe a sua lei numa cidade de fronteira com o México, fazendo frente a um agente americano que procura libertar a noiva de um bando de traficantes de droga. O genial plano sequência de abertura é um dos mais célebres da história do cinema, um “tour de force” inimitável. Marlene Dietrich tem uma presença brevíssima e inesquecível.
 
THE TRIAL / LE PROCÈS
O Processo
de Orson Welles
com Anthony Perkins, Jeanne Moreau, Romy Schneider, Elsa Martinelli, Orson Welles, Akim Tamiroff
França, Itália, Alemanha, 1962 – 118
Versão wellesiana de O Processo de Kafka, sobre o percurso de um homem preso sem acusação formada, e o seu longo, labiríntico e trágico trajeto para tentar saber das razões da prisão. Welles filma o pesadelo de Josef K. como um outro pesadelo, com a sucessão de imagens enredando o espectador noutras tantas interrogações e angústias sobre o que é a Justiça.
 
 
F FOR FAKE
de Orson Welles
com Orson Welles, Oja Kodar, Elmyr de Hory, Clifford Irving, Joseph Cotten
França, Irão, 1974 – 88 min
Um dos mais insólitos filmes de Orson Welles, fabulosa incursão no mundo da ilusão, da fraude e da mentira. Welles prestidigitador, mestre de magia, traz até nós a presença de falsificadores célebres, na pintura (Elmyr de Hory) e na escrita (Clifford Irving, autor de uma falsa autobiografia de Howard Hughes) e mostra como o cinema é a arte suprema dessas ilusões. Particularmente o seu.