Programa das sessões-conferência | apresentadas por Jean Douchet
LOUIS LUMIÈRE
de Eric Rohmer
França, 1966 – 66 min
HOMMAGE A ERIC ROHMER
de Jean-Luc Godard
com Jean-Luc Godard
França-Suíça, 2010 – 3 min
PLACE DE L’ÉTOILE
de Eric Rohmer
com Jean-Michel Rouzière, Marcel Gallon
França, 1965 – 15 min
Nos anos sessenta, Rohmer realizou diversos filmes para a televisão escolar. De todos, LOUIS LUMIÈRE é sem dúvida o mais importante. Para falar do cinema dos começos e dos começos do cinema, Rohmer convidou apenas duas pessoas, que dialogam: Jean Renoir, o maior cineasta francês de sempre na opinião de Rohmer, e Henri Langlois, fundador da Cinemateca Francesa e do ofício de programador de filmes. Nem um nem outro consideram o cinema dos Lumière primitivo: ”Em Lumière, não há acaso, há saber”, diz Langlois. Apesar das enormes diferenças formais entre os seus filmes e ideológicas entre as suas pessoas, Eric Rohmer e Jean-Luc Godard tinham grandes afinidades pessoais e intelectuais. Na breve HOMMAGE À ERIC ROHMER vemos trechos de artigos de Rohmer, acompanhados por um comentário de Godard. PLACE DE L’ÉTOILE é o episódio de Rohmer para o filme coletivo PARIS VU PAR… e é exemplar das suas escolhas formais, nomeadamente o uso da voz “off” e do espaço, pois toda a trama do filme depende da configuração das doze avenidas que partem do Arco do Triunfo. Jean Douchet faz uma figuração como cliente da loja onde trabalha o protagonista.
LA COLLECTIONNEUSE
A COLECIONADORA
de Eric Rohmer
com Patrick Bauchau, Haydée Politoff, Daniel Pommereule
França, 1967 - 86 min
Este é o quarto dos “Seis Contos Morais” de Rohmer, embora tenha sido o terceiro a ser filmado. Em LA COLLECTIONNEUSE, estamos numa casa em Saint-Tropez, no período das férias. Dois amigos, um parasita elegante e um artista, entram num jogo com uma jovem que coleciona amantes de passagem, porém sem critério nem gosto, na opinião dos dois homens. Com a elegância de um romance do século XVIII, Rohmer desenvolve toda uma rede de relações entre as personagens, que passam sempre pelo verbo e pelas construções intelectuais. À diferença do que aconteceria mais tarde no seu cinema, as personagens são adultas e fortes e não quase adolescentes e fracas.
LES NUITS DE LA PLEINE LUNE
AS NOITES DA LUA CHEIA
de Eric Rohmer
com Pascale Ogier, Tchéky Karyo, Fabrice Luchini, Virginie Thévenet
França, 1984 - 98 min
LES NUITS DE LA PLEINE LUNE é o quarto filme da série “Comédias e Provérbios” e é posto sob o signo do seguinte provérbio: “Quem tem duas casas, perde a alma; quem tem duas mulheres, perde a razão”. Foi dos maiores êxitos de público da carreira de Rohmer, alargando o seu público. Pascale Ogier tem neste filme, o último que fez, antes de morrer aos 26 anos, uma presença excecional como atriz e também escolheu os adereços, encorajada pelo realizador, que era de opinião que tais escolhas acentuariam a verosimilhança sociológica do filme. É o filme em que as personagens de Rohmer deixam de ser fortes e aquele a partir do qual ele passa a ridicularizá-las, pelo menos em parte.
CONTE D’HIVER
de Eric Rohmer
com Charlotte Véry, Frédéric Van Den Driessche, Hervé Furic
França, 1991 - 110 min
Apreciador dos filmes realizados em série, era natural que Rohmer adotasse o tema genérico das quatro estações, que permite a elaboração de uma série coerente, com diversas possibilidades de variações nas situações dramáticas e nos temas visuais. Nasceram assim os “Contos das Quatro Estações”. Neste segundo “episódio”, as personagens não pertencem ao meio social habitual do cinema de Rohmer e os atores são amadores. Há porém no filme a visão da vida como extensão da literatura, típica das personagens rohmerianas: uma representação do Conto de Inverno, de Shakespeare, dá à protagonista a certeza de poder reencontrar o homem que amara e que perdera de vista.
L’ANGLAISE ET LE DUC
A INGLESA E O DUQUE
de Eric Rohmer
com Jean-Claude Dreyfus, Lucy Russell, Alain Libolt, Charlotte Véry
França, 2001 - 129 min
Num meandro inesperado na sua obra, Rohmer aborda, à sua maneira, o “filme histórico”. Na verdade, nos seus trabalhos para a televisão nos anos sessenta, realizou muitas obras pedagógicas, das quais há certos resíduos neste filme. Situado durante a Revolução Francesa, o filme gira em torno da amizade entre uma inglesa instalada em Paris e o Duque de Orleães, que tenta manobrar no meio da tempestade política e entrou para a história com o cognome de “Philippe Égalité”, por ter votado a morte do seu primo, o rei Luís XVI. Ao invés de reconstituir cenários de época, Rohmer filma em interiores e utiliza, para os exteriores, trucagens em computador que ecoam as técnicas dos primórdios do cinema.
Consulte as fichas detalhadas do programa.