26/11/2020, 17h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço | Genou d’Artémide / Il Ginocchio d’Artemide
A Saliva Do Lobo
QUEM ESPERA POR SAPATOS DE DEFUNTO MORRE DESCALÇO
de João César Monteiro
com Luis Miguel Cintra, Carlos Ferreira, Paula Ferreira, Nuno Júdice
Portugal, 1971 – 33 min
GENOU D’ARTÉMIDE / IL GINOCCHIO D’ARTEMIDE
de Jean-Marie Straub
com Andrea Baci, Dario Marconcini
Itália, 2009 – 26 min / legendado eletronicamente em português
A SALIVA DO LOBO
de Joana Torgal, Rodolfo Pimenta
com os mineiros das Minas da Panasqueira
Portugal, 2010 – 55 min / sem diálogos
Primeiro filme de João César Monteiro, logo revelador do fôlego e da originalidade do realizador, QUEM ESPERA POR SAPATOS… foi logo entendido como o grande filme que é (“É o filme mais português que vi até hoje… Não no sentido do Benfica. Mas no literal: aqui e agora”, Eduardo Guerra Carneiro, 1971). “Opaco, secreto como um búzio”, chamou-lhe César. Foi o primeiro filme de Luis Miguel Cintra, na personagem de Lívio, o mesmo nome da que interpretou 18 anos depois em RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, mandando João de Deus "ir e dar-lhes trabalho”. Retomando trechos dos
Dialoghi con Leucò, de Cesare Pavese, LE GENOU D’ARTEMIDE é um belíssimo trabalho de luto de Jean-Marie Straub por Danièle Huillet (ambos tinham usado esse livro de Pavese consistindo em diálogos entre personagens mitológicas e simples mortais em DALLA NUBE ALLA RESISTENZA e em QUEI LORO INCONTRI), feito de modo indireto. Num bosque, dois homens dizem trechos de Pavese e no epílogo, o bosque está vazio, pois a vida continua sem nós. O belo e raro A SALIVA DO LOBO é um documentário sobre o processo de extração do volfrâmio que recusa qualquer espécie de retrato psicológico ou sociológico – “pois o mineiro encontra-se quase sempre em segundo plano, como um vigilante do processo mecânico. Apenas surge em primeiro plano no final do filme, quando se corporiza em árvore, mantendo-se firme e resistente perante a vida e a morte.” Um filme sem palavras (sem um único diálogo), antes uma “escavação” profunda do significado de “acordo entre som e imagem” – Lugar labiríntico onde nos podemos “perder ou encontrar”.
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