18/03/2025, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
O Cinema e Conrad, Conrad e o Cinema (I)
Lord Jim
Lord Jim
de Richard Brooks
com Peter O’Toole, James Mason, Curd Jurgens, Eli Wallach
Estados Unidos, 1965 - 154 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Quatro décadas depois da versão de Fleming, a segunda adaptação de Lord Jim veio a ser feita por Richard Brooks já em período de transição pós-clássico, como produção inglesa e americana rodada (pelo menos em grande parte) em exteriores no Camboja. Agora bastante livre nos seus propósitos, Brooks ergueu um projeto ambiciosíssimo, ao mesmo tempo pessoal e grandioso, que acabaria por sofrer com a equívoca expectativa de um novo LAWRENCE DA ARÁBIA (o então muito recente épico de D. Lean), que a escolha de O’Toole obviamente alimentava. Desta vez Marlow (J. Hawkins), numa solução engenhosa, limitada à primeira parte do filme, que, porém, com alguma ironia mas de forma sintomática, não terá contribuído por si mesma para aproximar o filme de Conrad. Apanhado entre tempos e contextos em mudança, parece ter havido pouca margem para ver o filme pelo seu lado mais forte, que era naturalmente o próprio cinema de Brooks, em particular pelo seu controlo seguro de câmara e pelo seu domínio do espaço, algo que alguns salientaram mas de que, mais uma vez, há que propor a (re)descoberta.

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18/03/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
O Mundo Secreto de Serguei Paradjanov

Com a colaboração da Cinema Foundation of Armenia, da Associação de Amizade Portugal-Arménia e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
Achik-Keribi
de Serguei Paradjanov, Davit Abachidze
com Iuri Mgoian, Sofiko Tchiaureli, Ramaz Tchkhikvadze, Davit Abachidze
URSS (Geórgia), 1988 - 73 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
Dedicado a Andrei Tarkovski, ACHIK-KERIBI é o último filme de Paradjanov. Corealizado com Davit Abachidze, que com Paradjanov já havia assinado a longa anterior, ACHIK-
-KERIBI baseia-se num poema de Mikhail Lermontov, revelando-nos um mundo hipnótico e maravilhoso. Exuberantemente coreografado, aborda um conto popular no qual um trovador se apaixona perdidamente pela filha de um rico comerciante. Depois de rejeitado pelo pai desta, é obrigado a vaguear pelo mundo para tentar ganhar fortuna e conquistar a sua mão, numa viagem em que é sujeito a inúmeras provações. A banda sonora cruza o trabalho etnográfico em torno da música azeri com Schubert ou Gluck, numa clara vontade de estabelecer a ponte entre culturas muito diferentes. A exibir em cópia digital.

A sessão repete no dia 28 às 21h30, na sala M. Félix Ribeiro.
18/03/2025, 19h30 | Sala Luís de Pina
Teremos Sempre Michael Curtiz (Parte II)
Four’s A Crowd
Quatro São Demais…
de Michael Curtiz
com Errol Flynn, Olivia de Havilland, Rosalind Russell, Patrick Knowles
Estados Unidos, 1938 - 92 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Este filme é mais um exemplo da extraordinária versatilidade de Michael Curtiz. Depois de CAPTAIN BLOOD e THE ADVENTURES OF ROBIN HOOD, Errol Flynn temeu ser estereotipado como ator de filmes de aventuras e pediu à Warner que lhe desse outro tipo de papéis, de preferência comédias. O resultado foi esta screwball comedy (comédia maluca) típica do período, cheia de equívocos e quiproquós, situada nos meios do jornalismo, que é uma surpresa total para quem a descobre e conhece o percurso de Curtiz e o de Flynn. Mas, como observou Manuel Cintra Ferreira no seu comentário sobre o filme, que definiu como uma “irresistível comédia: a screwball comedy não é mais do que um filme de aventuras, com outra ação. Quem duvidar que pergunte a Howard Hawks. Para Curtiz também era fácil passar a linha”. O filme só foi apresentado uma vez na Cinemateca, no longínquo ano de 1995.

A sessão repete no dia 25 às 15h30, na sala M. Félix Ribeiro.

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18/03/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
O Mundo Secreto de Serguei Paradjanov

Com a colaboração da Cinema Foundation of Armenia, da Associação de Amizade Portugal-Arménia e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
Kievskie Freski | Hakob Hovnatamian | Arabeskebi Pirosmanis Temaze | Khostovanank
KIEVSKIE FRESKI
“Frescos de Kiev”
com Tenguiz Artchvadze, Antonina Leftii, Vija Artmane, Afanassi Kotchetkov
URSS (Ucrânia), 1966 – 14 min / sem diálogos

HAKOB HOVNATANIAN
URSS (Arménia), 1967 – 10 min / sem diálogos

ARABESKEBI PIROSMANIS TEMAZE 
“Arabescos sobre o Tema de Pirosmani”
com Aleksandr Djanchiev, Leila Alibegachvili
URSS (Geórgia), 1985 – 21 min / cartões legendados em inglês

KHOSTOVANANK (rushes)
“A Confissão”
com Sofiko Tchiaureli, Iuri Mgoian
URSS (Arménia), 1990 – 12 min / sem som

filmes de Serguei Paradjanov

duração total da projeção: 57 min | M/12
Uma sessão composta por retratos de dois pintores e por fragmentos de dois projetos não realizados. KIEVSKIE FRESKI e HAKOB HOVNATANIAN podem ser vistos como precursores de SAYAT-NOVA. O primeiro foi construído a partir de testes de câmara para um filme que nunca foi produzido, rejeitado pelas autoridades soviéticas por considerarem que tais testes exibiam uma perceção distorcida da realidade. O guião descrevia o filme como sendo composto por dez “cine-frescos” e, no que dele resta, Paradjanov cria um mosaico sobre o destino de uma família dilacerada pela guerra. HAKOB HOVNATANIAN revela-nos a vida cultural de Tiblíssi no século XIX através do retrato do pintor arménio com o mesmo nome (1806-1881). Enquadrada pelo olhar de Paradjanov, a pintura do célebre artista Niko Pirosmani (1862-1918) é revisitada num exercício encantatório de meados dos anos oitenta que nos conduz numa viagem pela história e cultura da Geórgia. A terminar a sessão, apresentamos um conjunto de imagens raríssimas e recém-recuperadas: doze minutos de rushes filmadas durante os poucos dias de rodagem de KHOSTOVANANK, o filme autobiográfico que Paradjanov deixou inacabado. Como o próprio afirmou sobre este filme-testamento que nunca existiu, Andrei Tarkovski  tem “O ESPELHO” e eu “A CONFISSÃO”. Parte destas imagens mudas aparecem contextualizadas no documentário de Mikhail Vartanov, que também exibimos neste programa. HAKOB HOVNATANIAN e KHOSTOVANANK são apresentados pela primeira vez na Cinemateca. A exibir em cópia digital.

A sessão repete no dia 27 às 21h30, na sala M. Félix Ribeiro.