CICLO
Technicolor: O Esplendor da Cor


A  cor nos filmes é anterior ao próprio cinema visto no ecrã (ou mais precisamente ao Cinematógrafo patenteado pelos irmãos Lumière). O Cinetoscópio de Edison já mostrava desde 1895 filmes com fotogramas pintados à mão (ANNABELLE’S DANCE, desse ano, terá sido o primeiro). Durante o cinema mudo, tenha sido com o chamado "stencil", com tintagens e viragens ou com a introdução de filtros na projeção, houve variadíssimas empresas a desenvolverem processos para colorir películas.
Uma dessas empresas, a Technicolor Inc. – que este mês celebramos –, foi criada por Herbert Kalmus e Daniel Comstock em 1914 em Boston. E foi graças a ela que, a partir da década de 30, se deu o salto gigantesco para os processos baseados na tricromia, que (sem eliminarem o preto e branco nas décadas subsequentes) tornaram a cor irreversível. Foi nos anos 30 – os primeiros abarcados, cronologicamente, por este Ciclo – que a Technicolor introduziu o processo que consistia em colocar na mesma câmara de filmar três negativos a preto e branco, cada um com um filtro de cor diferente. A partir desses três negativos, e após um complexo processo de revelação, etalonagem e impressão, seria feito um único positivo (uma cópia de projeção) com a combinação das três cores. Era um processo muito dispendioso e implicava grandes constrangimentos técnicos (desde logo pelo tamanho descomunal da câmara e pela quantidade de iluminação que exigia). Tudo isso se simplificou (e embarateceu substancialmente) quando a Kodak lançou o negativo a cores na década de 50. Mas a concorrência também aumentou e a Technicolor Inc. iria perder a hegemonia que até aí tivera com a multiplicação de empresas e processos rivais não só nos Estados Unidos como em outros países com indústrias cinematográficas muito fortes (como foi o caso da Itália e do Japão, que patentearam as suas marcas nacionais).
Neste Ciclo de revisitação específica da gloriosa trademark Technicolor, as obras a exibir – e que propositadamente não serão exibidas por ordem cronológica – vão desde BECKY SHARP (1935), a primeira longa-metragem a cores produzida através do processo dos três negativos, até aos anos 60, que marcaram o fim do período áureo deste processo de cor no cinema. Quisemos mostrar exemplos dos vários géneros clássicos em que o Technicolor serviu a ideia do grande espetáculo cinematográfico: do musical ao western, passando pelo cinema de animação, pela comédia, pelo melodrama, filmes de piratas e de aventuras. Fizemos questão de exibir o maior número possível dos filmes em película 35mm e em cópias que fizessem justiça ao maravilhoso cromático do Technicolor (apenas em três casos – THE RETURN OF FRANK JAMES, HEAVEN CAN WAIT e FANTASIA – tal não foi possível, mas, dado o interesse desses títulos optámos por mantê-los no programa, sendo que serão exibidos em versões restauradas em DCP).
 
 
12/08/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Technicolor: O Esplendor da Cor

Becky Sharp
A Feira da Vaidade
de Rouben Mamoulian
Estados Unidos, 1935 - 86 min
 
12/08/2023, 21h30 | Esplanada
Ciclo Technicolor: O Esplendor da Cor

The Tales of Hoffmann
Os Contos de Hoffmann
de Michael Powell, Emeric Pressburger
Reino Unido, 1951 - 133 min
14/08/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Technicolor: O Esplendor da Cor

The Return of Frank James
O Regresso de Frank James
de Fritz Lang
Estados Unidos, 1940 - 92 min
14/08/2023, 21h30 | Esplanada
Ciclo Technicolor: O Esplendor da Cor

Northwest Passage
A Passagem do Noroeste
de King Vidor
Estados Unidos, 1940 - 125 min
16/08/2023, 21h30 | Esplanada
Ciclo Technicolor: O Esplendor da Cor

Becky Sharp
A Feira da Vaidade
de Rouben Mamoulian
Estados Unidos, 1935 - 86 min
12/08/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Technicolor: O Esplendor da Cor
Becky Sharp
A Feira da Vaidade
de Rouben Mamoulian
com Miriam Hopkins, Frances Dee, Cedric Hardwicke, Billie Burke
Estados Unidos, 1935 - 86 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O arménio Rouben Mamoulian é um dos grandes nomes isolados da História do cinema e o seu apogeu como realizador talvez se situe nos anos trinta, com obras-primas como APPLAUSE e BECKY SHARP. Este último foi o primeiro filme realizado em Technicolor com três bandas de película (a cópia restaurada que vamos ver conserva todas as tonalidades do sistema) e adapta um dos clássicos da literatura inglesa, Vanity Fair, de Thackeray. O título do filme é a alcunha da protagonista, “Rebeca, a Esperta”, uma ambiciosíssima mulher de condição social inferior que consegue subir na sociedade, mas acaba por perder tudo, depois de causar o mal à sua volta, por excesso de ambição. A ação tem lugar em 1815, simultânea à Batalha de Waterloo, que alterará a vida de algumas personagens.

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12/08/2023, 21h30 | Esplanada
Technicolor: O Esplendor da Cor
The Tales of Hoffmann
Os Contos de Hoffmann
de Michael Powell, Emeric Pressburger
com Robert Rounsenville, Robert Helpmann, Moira Shearer, Ludmilla Tcherina, Leonilde Massine
Reino Unido, 1951 - 133 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Adaptação da ópera de Offenbach, cantada em inglês, sobre a relação do poeta Hoffmann com três mulheres diferentes, que são outras tantas miragens, em situações manipuladas pelo diabo. Aproveitando-se da trama da ópera, Powell recusa qualquer noção de verosimilhança, nomeadamente os cenários naturais, tão frequentemente utilizados nos filmes de ópera. Leva-nos para o domínio da fantasia e do sonho, em que é um mestre. A direção musical é de Thomas Beecham, que vemos de relance.

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14/08/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Technicolor: O Esplendor da Cor
The Return of Frank James
O Regresso de Frank James
de Fritz Lang
com Henry Fonda, Gene Tierney, John Carradine, Jackie Cooper, Donald Meek
Estados Unidos, 1940 - 92 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Depois da morte de Jesse James, o seu irmão Frank procura vingá-lo. Henry Fonda, de novo como Frank James, no filme que marcou a estreia de Gene Tierney no cinema, e de Fritz Lang no western. Foi o seu quarto filme americano e o primeiro a cores, em Technicolor. Para lá da ação característica do género, o que Lang encena é, mais uma vez, uma reflexão sobre o ódio, o crime e a vingança. “Uma vez mais, para dividir a encenação especular (a de Frank) e a encenação fictícia (a dos Ford) Lang recorre à encenação espetacular. Neste caso não é o ‘filme dentro do filme’, mas a ‘peça dentro do filme’” (João Bénard da Costa). A exibir em cópia digital.

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14/08/2023, 21h30 | Esplanada
Technicolor: O Esplendor da Cor
Northwest Passage
A Passagem do Noroeste
de King Vidor
com Spencer Tracy, Robert Young, Walter Brennan, Ruth Hussey
Estados Unidos, 1940 - 125 min
legendado em português | M/12
Talvez o melhor filme de aventuras dirigido por King Vidor, com uma fabulosa fotografia a cores. Inspira-se num romance de Kenneth Roberts sobre as aventuras do major Rogers e dos seus rangers, em busca da mítica “passagem do Noroeste” no século XVIII na América do Norte, que seria o tema de uma segunda parte que nunca foi filmada. A primeira, que este filme ilustra (“Part One: Rogers’ Rangers”) narra o raide sobre uma aldeia índia pelos rangers e as represálias daqueles. Tracy é o major Rogers numa das suas mais fortes interpretações.

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16/08/2023, 21h30 | Esplanada
Technicolor: O Esplendor da Cor
Becky Sharp
A Feira da Vaidade
de Rouben Mamoulian
com Miriam Hopkins, Frances Dee, Cedric Hardwicke, Billie Burke
Estados Unidos, 1935 - 86 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O arménio Rouben Mamoulian é um dos grandes nomes isolados da História do cinema e o seu apogeu como realizador talvez se situe nos anos trinta, com obras-primas como APPLAUSE e BECKY SHARP. Este último foi o primeiro filme realizado em Technicolor com três bandas de película (a cópia restaurada que vamos ver conserva todas as tonalidades do sistema) e adapta um dos clássicos da literatura inglesa, Vanity Fair, de Thackeray. O título do filme é a alcunha da protagonista, “Rebeca, a Esperta”, uma ambiciosíssima mulher de condição social inferior que consegue subir na sociedade, mas acaba por perder tudo, depois de causar o mal à sua volta, por excesso de ambição. A ação tem lugar em 1815, simultânea à Batalha de Waterloo, que alterará a vida de algumas personagens.

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