É a quintessência do estilo e do universo dramatúrgico de Jean-Pierre Melville, a quem Chabrol chamou franco-atirador, que Godard filmou numa cena de À BOUT DE SOUFFLE, e que a partir de BOB LE FLAMBEUR (1956) intensificou a vertente noir do seu cinema, vindo da cinefilia americana e deveras pessoal na estilização e no âmago sombrio. Filmado com as cores luminosas e metálicas da fotografia de Henri Decaë, LE SAMOURAÏ é um policial abstrato com o toque romântico das personagens de Melville. De gabardina, chapéu e olhar distante, Alain Delon encarna a personagem solitária de Jeff Costello, assassino profissional, na sua mais icónica interpretação. Dizia Melville que em Delon (com quem filmou ainda LE CERCLE ROUGE e UN FLIC, 1970/72) o instinto da atitude gestual é inato: “É um dos grandes samurais do ecrã”. Sobre realizadores, afirmava que eram indivíduos que trabalhavam no escuro, o que terá tido o seu eco em cineastas tão diferentes como Scorsese, Jarmusch, Kaurismaki ou Tarantino, além dos da geração da nova vaga francesa.
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