22/03/2025, 17h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Filme marcante da fase inglesa de Hitchcock, SABOTAGE baseou-se em
The Secret Agent, romance de 1907 no qual Conrad infletira para um universo urbano onde confluíam drama familiar e política internacional. Percebendo-se bem a que ponto o livro era matéria hitchcockiana (o retrato de um submundo londrino, o plano do atentado ao Observatório, o conflito doméstico, a ingerência estrangeira…) era também óbvio que a história seria não apenas reduzida mas passada pelo crivo do realizador, que a transpôs para o século XX, alterou factos e nuances de personagens, trocou o final e quase anulou a dimensão internacional. Neste caso, porém, se Conrad foi triturado, como não reparar que uma cena como a da morte de Verloc (com o seu
tempo mental e a possível ideia da sua “entrega”) reinventa a ambiguidade dos atos fatais dos heróis conradianos? Ou, mais ainda, como não ver que é o próprio coração deste
cinema – o célebre MacGuffin hitchcockiano, i.e., o vazio último do que está por trás de toda esta agitação – que nos reenvia para a ideia de uma vacuidade das aspirações humanas, absolutamente
nuclear no escritor?
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