CICLO
William Klein À Luz Do Cinema


“William Klein à luz do cinema” é uma retrospetiva do trabalho cinematográfico do artista-fotógrafo-cineasta americano radicado em Paris, reconhecido pela experimentação e influência de um trabalho exemplar que cruzou domínios artísticos entre finais dos anos 1940 e o princípio dos anos 2000. William Klein (1926-2022) foi um dos mais relevantes fotógrafos do pós-Guerra e trabalhou muito, nas suas imagens, a perspetiva da reportagem e da moda, mas as facetas múltiplas da sua obra são um traço distintivo em que cabem a arte abstrata, a fotografia, o cinema, a escrita, o grafismo ou a edição. Artista politicamente atento, retratou criativamente as realidades do seu tempo nos seus filmes, tanto no cinema documental, em que foi pródigo numa corrente “cinema direto” e em retratos vibrantes da pulsação dos dias e dos retratados, como na ficção, muitas vezes delirante e sismográfica. É justo dizer-se do seu cinema que é incisivo, espirituoso, arriscado, enérgico, luminoso.
BROADWAY BY LIGHT (1958) foi o seu primeiro filme-ensaio sobre a cor e a luz nova-iorquinas rodado em Times Square, dois anos após a publicação de um primeiro livro de fotografia de rua que se tornaria um clássico – Life Is Good (and Good for You) in New York. O seu cinema deslocou-se pouco depois para território francês, e também africano, inscrevendo-se nas tensões das culturas americana, europeia e africana, na dissidência, na agudeza do olhar, na liberdade de perspetivas, num trabalho acutilante, frequentemente corrosivo, sobre os estereótipos e a cultura popular, a política e a propaganda, a indústria da moda, o capitalismo da sociedade de consumo e a esfera mediática habitada por celebridades. Excessivas, sensíveis ou caricaturais, as suas personagens de drama, comédia, ficção científica pró-distópica convivem com a dimensão humana, por vezes bigger than life, das personalidades artísticas, desportivas, ativistas de filmes-retrato como os dedicados a Cassius Clay/Muhammad Ali, Eldridge Cleaver, Jean Babilée ou Little Richard. São elas as protagonistas da efervescência das suas sátiras e de um dinamismo documental não conformista.
Escreve David Campany no catálogo publicado pelo MAAT (O Mundo inteiro é um palco, 2024), “Klein não acreditava na verdade ou neu­tralidade documental. À semelhança da sua fotografia, os seus filmes caracterizam-se por um sentido de representação e con­fronto. […] Todos os filmes de Klein são estudos sobre a natureza humana e as situações culturais e políticas muitas vezes extremas a que ela conduz. Pare-se um filme de William Klein em qualquer momento, afir­mou o realizador Chris Marker, e ver-se-á ‘uma fotografia de Klein com a mesma desordem aparente, o mesmo excesso de informação, de gestos e de olhares que apontam em todas as direções, mas que todavia são simultaneamente regidos por uma perspetiva organizada e rigorosa’”.
Propondo um programa expressivo do trabalho cinematográfico de William Klein, a retrospetiva a decorrer na Cinemateca, e que contou com uma sessão de antecipação em outubro em que se mostrou GRANDS SOIRS & PETITS MATINS, é organizada numa colaboração com o MAAT, em Lisboa, em diálogo com a exposição “William Klein – O mundo inteiro é um palco”. No MAAT, a exposição está patente até 3 de fevereiro.
BROADWAY BY LIGHT, QUI ÊTES-VOUS, POLLY MAGGOO?, CONTACTS, MUHAMMAD ALI THE GREATEST, FESTIVAL PANAFRICAIN D’ALGER e ELDRIDGE CLEAVER, BLACK PANTHER foram apresentados em ocasiões anteriores na Cinemateca. LE BUSINESS DE LA MODE, LES TROUBLES DE LA CIRCULATION, GARE DE LYON, MR. FREEDOM, LE COUPLE TÉMOIN, THE FRENCH, BABILÉE 91, IN AND OUT OF FASHION e MESSIAH são primeiras exibições na Cinemateca. À exceção de BROADWAY BY LIGHT e BABILÉE 91, a projetar em cópias 35 e 16 mm, os filmes são apresentados em cópias digitais.
 
 
20/01/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo William Klein À Luz Do Cinema

Eldridge Cleaver, Black Panther
de William Klein
Canadá, 1970 - 75 min
 
21/01/2025, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo William Klein À Luz Do Cinema

Festival Panafricain D'Alger
de William Klein
Argélia, França, Alemanha, , 1969 - 90 min
21/01/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo William Klein À Luz Do Cinema

Le Couple Témoin
Suíça, França, 1977 - 101 min
22/01/2025, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo William Klein À Luz Do Cinema

Eldridge Cleaver, Black Panther
de William Klein
Canadá, 1970 - 75 min
23/01/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo William Klein À Luz Do Cinema

Gare de Lyon | The French
20/01/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
William Klein À Luz Do Cinema
Eldridge Cleaver, Black Panther
de William Klein
com Eldridge Cleaver, Kathleen Cleaver
Canadá, 1970 - 75 min
legendado em francês e eletronicamente em português | M/12
Quando ELDRIDGE CLEAVER, BLACK PANTHER foi realizado, o movimento das Panteras Negras, ala mais radical do movimento negro americano nos anos 1960 e adversária de Martin Luther King e da sua política “integracionista”, estava no auge. Exilado em Havana, Argel (onde o filme foi rodado, por ocasião do Festival Pan-Africano) e depois em Paris, Eldridge Cleaver era, em 1970, a encarnação do revolucionário e tinha, em Argel, a possibilidade de discutir com revolucionários de outros continentes. É esta dimensão que o filme de William Klein tenta explorar, enquanto Cleaver aborda a situação política americana e expõe muitas das contradições da sua personalidade, que o levariam a regressar aos Estados Unidos em 1975, após sete anos de exílio, tornar-se estilista e aproximar-se de grupos religiosos e do Partido Republicano. 

A sessão repete no dia 22 às 19h30, na sala Luís de Pina.
21/01/2025, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
William Klein À Luz Do Cinema
Festival Panafricain D'Alger
de William Klein
Argélia, França, Alemanha, , 1969 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
William Klein documentou o 1º Festival Cultural Pan-Africano, que decorreu em julho de 1969 na Argélia, registando o caloroso ambiente do festival, a energia dos movimentos revolucionários e o seu papel na luta pela liberdade das nações africanas. As imagens do festival, em que Archie Shepp improvisa ao lado de músicos argelinos, são intercaladas com imagens de arquivo e com entrevistas a escritores e ativistas. Um filme importantíssimo no contexto dos movimentos anticoloniais que contou com a participação de Sarah Maldoror como assistente de realização – anos antes Maldoror havia colaborado como assistente em LA BATTAGLIA DI ALGERI de Gillo Pontecorvo (1965) e os dois títulos são determinantes para os primeiros passos na realização da cineasta. No trabalho de Klein, surgiu na sequência da apresentação de CASSIUS CLAY CHAMPION DU MONDE no continente africano, motivando o desafio.

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21/01/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
William Klein À Luz Do Cinema
Le Couple Témoin
com André Dussolier, Anémone, Zouc, Jacques Boudet, Georges Descrières, Eddie Constantine
Suíça, França, 1977 - 101 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A ficção científica e a comédia são os géneros trabalhados por William Klein na longa-metragem em que prefigura a realidade reality show do século XXI, diagnosticando um soçobro dos direitos, garantias e liberdades individuais perante a invasão da privacidade, ou o esbatimento das noções de democracia e totalitarismo. Um jovem casal, escolhido como “casal-tipo” para uma extrapolação sobre os cidadãos no ano 2000, participa numa experiência promovida pelo Ministério do Futuro, aceitando a observação e o escrutínio em permanência. A ação concentra-se no apartamento a estrear de uma “cidade nova para um homem novo”, onde Claudine (Anémone) e Jean-Michel (André Dussollier) são acompanhados por sociólogos e uma equipa de rodagem que lhes regista o quotidiano para transmissão e debate televisivo. O absurdo das premissas adensa-se com a progressão narrativa, tornando arrepiante o futurismo de LE COUPLE TÉMOIN.

A sessão repete no dia 24 às 15h30, na sala M. Félix Ribeiro.
22/01/2025, 19h30 | Sala Luís de Pina
William Klein À Luz Do Cinema
Eldridge Cleaver, Black Panther
de William Klein
com Eldridge Cleaver, Kathleen Cleaver
Canadá, 1970 - 75 min
legendado em francês e eletronicamente em português | M/12
Quando ELDRIDGE CLEAVER, BLACK PANTHER foi realizado, o movimento das Panteras Negras, ala mais radical do movimento negro americano nos anos 1960 e adversária de Martin Luther King e da sua política “integracionista”, estava no auge. Exilado em Havana, Argel (onde o filme foi rodado, por ocasião do Festival Pan-Africano) e depois em Paris, Eldridge Cleaver era, em 1970, a encarnação do revolucionário e tinha, em Argel, a possibilidade de discutir com revolucionários de outros continentes. É esta dimensão que o filme de William Klein tenta explorar, enquanto Cleaver aborda a situação política americana e expõe muitas das contradições da sua personalidade, que o levariam a regressar aos Estados Unidos em 1975, após sete anos de exílio, tornar-se estilista e aproximar-se de grupos religiosos e do Partido Republicano. 
 
23/01/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
William Klein À Luz Do Cinema
Gare de Lyon | The French
GARE DE LYON 
de William Klein
França, 1963 – 12 min 

THE FRENCH
de William Klein
com Björn Borg, Jimmy Connors, Chris Evert, Ivan Lendl, John McEnroe, Ilie Năstase, Yannick Noah
França, 1981 – 135 min

duração total da projeção: 147 min

legendados eletronicamente em português | M12

GARE DE LYON é novo motivo de reportagem da histórica emissão televisiva 5 Colonnes à la Une, centrado na efervescência da gare de Lyon em vésperas das férias grandes de 1963. THE FRENCH é uma incursão de William Klein no ténis, um “filme de desporto” resultante da primeira vez em que é dada autorização de filmagem nos bastidores de Roland-Garros: na capital francesa, em 1981 (ano crucial no ténis), Klein e a sua equipa (ou equipas) lançam-se à cobertura das duas intensas semanas da 53ª edição do Torneio de Roland-Garros, também conhecido como Internationaux de France, The French Open ou The French. A montagem alinha com a cronologia, dos preparativos às partidas, captando as tensões entre os diversos intervenientes (jogadores, empresários, jornalistas, etc.). Um retrato dos meandros espetaculares desse acontecimento desportivo, o seu lado circense e o seu lado lacónico, dispensando o comentário em off e entrevistas convencionais. Diz a sinopse, “Uma reportagem dinâmica”, “um olhar novo sobre o torneio”.

Esta Sessão repete-se no dia 23 às 19h00.

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