Apresentamos uma seleção de bobines que contêm imagens a cores e a preto e branco registadas a quente nos primeiros dias da Revolução (entre o 25 de Abril e o 1º de Maio de 1974). São imagens filmadas por realizadores, diretores de fotografia ou operadores que acompanharam o despontar da Revolução, saindo para a rua com as suas próprias câmaras, ou reunindo as câmaras e a película existente em vários pontos do país, com o intuito de captar a evolução dos importantes acontecimentos em curso. Entre aqueles que participaram nesta aventura encontramos Fernando Matos Silva, Fernando Lopes, João Matos Silva, António de Macedo, Ricardo Costa, Acácio de Almeida, António da Cunha Telles, Henrique Espírito Santo, José de Sá Caetano, Moedas Miguel, Glauber Rocha, Artur Semedo, Eduardo Geada, António Escudeiro, Manuel Costa e Silva, Monique Rutler, Amílcar Lyra, Leonel Brito, Óscar Cruz, Elso Roque, José Fonseca e Costa e Luís Galvão Teles. Trata-se de um cinema de urgência, que mostramos em cristalinas imagens em 35mm, sem som, e não sujeitas a qualquer montagem. Serão os “restos” não utilizados no filme coletivo AS ARMAS E O POVO. Imagens que fazem parte da coleção da Cinemateca, conservando a rugosidade própria da sua qualidade de “brutos” e um valor documental inestimável. A estas seguem-se outras imagens em bruto da Revolução desta feita relacionadas com a história do Conservatório de Cinema (que em setembro de 1973 tinha iniciado o primeiro ano enquanto Escola Piloto). De entre as várias dezenas de candidaturas formou-se uma primeira turma onde se incluíam futuras figuras do cinema português como João Botelho, Monique Rutler, Jorge Alves da Silva, Paola Porru, Jorge Loureiro, entre outros. Depois de um primeiro semestre experimental, os jovens cineastas foram apanhados pela Revolução. Assim, na manhã de 25 de Abril, vários deles entram nas instalações da Escola de Cinema, agarram nas câmaras de 16mm e na película que lá havia, e lançam-se para as ruas. Pouco depois o Conservatório entra numa fase de reestruturação, reabrindo só em 1975, já noutros moldes, e as imagens que os alunos filmaram ficaram esquecidas. No âmbito do recente depósito que a ESTC (Escola Superior de Teatro e Cinema) fez dos seus arquivos analógicos, o ANIM identificou vários rolos de película não montada e sem som, num total de 108 minutos de material, que correspondem à integralidade do que os estudantes filmaram naquele dia. 50 anos depois a Cinemateca apresenta a totalidade desse material (agora em suporte digital).
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