CICLO
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada ?


Prosseguimos o programa lançado em janeiro e que acompanhará todo o ano de 2024 e as comemorações pela Cinemateca dos 50 anos do 25 de Abril com quase uma vintena de filmes divididos pelos quatro eixos temáticos desta celebração: Liberdade, Revolução, Comunidade e Futuro. 
 
Liberdade
A nós a liberdade como no título do filme de René Clair. Em cruzamento com o burlesco hollywoodiano e o lirismo de um dia de folga nos mesmo finais de anos 1920 europeus; um movimento de travelling pioneiro e uma personagem de comédia lusitana ribeirinha; uma fuga para a desilusão humanista.
 
Revolução
Quatro grandes momentos para evocar a Revolução e o espírito revolucionário. Um monumento de Griffith sobre a Revolução Francesa, ORPHANS OF THE STORM, um dos seus filmes mais ambiciosos, que implicou uma reconstituição fabulosa de Paris e de Versalhes nos seus estúdios de Mamaroneck; o canto do cisne de Dziga Vertov, uma fabulosa e lírica elegia de Lenine que também significou o fim do cinema soviético (realmente) revolucionário; um dos filmes mais bizarros de Glauber Rocha, DER LEONE HAVE SEPT CABEZAS, filmado no Congo, fábula quase burlesca sobre os imperialismos e colonialismos universais; e UNDERGROUND, onde um trio de realizadores perscruta o célebre movimento Weather Underground, uma das mais importantes organizações esquerdistas clandestinas da América dos anos 1960 e 1970.
 
Comunidade
Em território português, comunidades filmadas por Manoel de Oliveira (nos anos 1960), Noémia Delgado (nos anos 1970), Pedro Costa (2000), pelos lados nortenhos de Trás-os-Montes e no bairro dos subúrbios lisboetas das Fontainhas à beira da demolição. O núcleo dedicado à Comunidade em março acrescenta, às obras ímpares destes três cineastas, dois títulos do cinema americano de Hollywood nos fifties, por Richard Fleischer, e da cena artística de Nova Iorque nos sixties.
 
Futuro
Em março, o eixo Futuro é feito sob o signo do azar: sente-se a vertigem da numerologia, saboreia-se um bolo malfadado, revisitam-se os mitos cabalísticos, confunde-se mediunidade com charlatanice e sofrem-se os ditames de um oráculo robotizado. É o futuro entendido como conspiração do passado, para martírio do presente.
 
 
26/03/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo 50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada ?

À Nous la Liberté
de René Clair
França, 1931 - 83 min
 
26/03/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada ?

A Caça | Acto da Primavera
duração total da projeção: 111 min | M/12
28/03/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada ?

Liberty | Menschen am Sonntag
duração total da projeção: 92 min | M/12
26/03/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada ?
À Nous la Liberté
de René Clair
com Henri Marchand, Raymond Cordy, Germaine Aussey, France Rolla, Paul Ollivier
França, 1931 - 83 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Liberdade
É um filme culto dos anos 1930 franceses, prosseguidos por René Clair depois de integrar o primeiro movimento de vanguarda da década anterior. A história segue dois companheiros de cela que se reencontram anos mais tarde, depois de uma fuga da prisão e de uma pena cumprida: Louis é um industrial de sucesso e Émile um vagabundo. As peripécias com a polícia continuam, a fábrica de fonógrafos de Louis é cenário e motivo de boa parte da série de achados visuais e sonoros do filme. Como os anteriores SOUS LES TOITS DE PARIS e LE MILLION, À NOUS LA LIBERTÉ é um portento de experimentação com as possibilidades do som, em época de transição mudo-sonoro, e da direção artística (de Lazare Meerson) que, por exemplo, aproxima os cenários – e por aí as ideias – da prisão e da fábrica. De espírito anárquico, criatividade experimental, humor de lucidez satírica, é um filme aproximável de TEMPOS MODERNOS de Chaplin (1936) com o qual, de resto, manteve uma polémica de época. A apresentar em cópia digital.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
26/03/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada ?
A Caça | Acto da Primavera
duração total da projeção: 111 min | M/12
Comunidade
A CAÇA
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1963 – 21 min

ACTO DA PRIMAVERA
de Manoel de Oliveira
com habitantes da aldeia da Curalha
Portugal, 1962 – 90 min

A sessão reúne os dois títulos que, no início dos anos 1960, configuraram a modernidade do cinema de Manoel de Oliveira, duas das suas obras-primas absolutas. A CAÇA tem uma concisão e uma força direta um tanto raras no seu cinema. Esta poderosa alegoria sobre o destino humano em forma semidocumental, que alguns defendem ser o mais buñueliano dos filmes de Oliveira, teve problemas com a censura salazarista, levando-o a filmar um desenlace optimista. A apresentar na versão que inclui os dois finais, como é regra nas últimas décadas. ACTO DA PRIMAVERA fixa uma representação popular da Paixão de Cristo numa aldeia de Trás-os-Montes, e mostra também, de forma magistral, a impercetível passagem do quotidiano à representação do sagrado e o regresso ao quotidiano, confundindo o ritual com a representação.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de A CAÇA aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de ACTO DA PRIMAVERA aqui
28/03/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada ?
Liberty | Menschen am Sonntag
duração total da projeção: 92 min | M/12
Liberdade

Com acompanhamento ao piano por Daniel Schvetz
LIBERTY
de Leo McCarey
com Stan Laurel, Oliver Hardy, Tom Kennedy, Sam Lufkin
Estados Unidos, 1929 – 18 min /mudo, intertítulos em inglês legendados eletronicamente em português

MENSCHEN AM SONNTAG
“Gente ao Domingo”
de Curt e Robert Siodmak, Edgar G. Ulmer, Fred Zinnemann
com Erwin Splettstosser, Brigitte Borchert, Wolfgang von Waltershausen
Alemanha, 1929 – 74 min / mudo, intertítulos em alemão legendados eletronicamente em português

Dois títulos de 1929, vindos de Hollywood e da República de Weimar. LIBERTY de Leo McCarey, com Laurel & Hardy, vulgo Bucha e Estica, segue as personagens recém-fugidas da prisão num carro onde trocaram inadvertidamente de calças. É o gag do filme, perseguido à exaustão e que segue para as alturas de uns andaimes com vista sobre o precipício da cidade. MENSCHEN AM SONNTAG, “um filme de e para amadores”, é o célebre filme cooperativo que revelou uma série de nomes de que a história do cinema iria guardar boa memória – além dos citados como realizadores, ainda Billy Wilder (no argumento) e Eugen Schüftan (na fotografia). Rodado com atores amadores ao longo de uma sucessão de domingos, segue as vidas de um punhado de berlinenses. A despreocupação e o lazer contrastam com as sombras perfiladas no horizonte, num filme que é um extraordinário documento sobre a “vida normal” na Berlim do final da década de vinte, uma obra seminal realizada no espírito da República de Weimar que influenciaria gerações de cineastas em todo o mundo. LIBERTY é apresentado em cópia digital.

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