O penúltimo filme de Lubitsch e o seu único filme a cores, se excetuarmos THAT LADY IN ERMINE, que não completou, por morte durante a rodagem, e foi concluído por Preminger. HEAVEN CAN WAIT, em que Lubitsch filmou Gene Tierney, de que disse ser um dos seus filmes mais importantes, e construiu maioritariamente em
flashback tem vários aspetos testamentários: o tom é mais sereno do que de costume em Lubitsch. Já não estamos na comédia sofisticada, embora o filme seja uma comédia, e o seu tema seja o balanço da vida de um homem que morre e, à entrada do Inferno, conta a vida a Sua Excelência, o Diabo: da infância à velhice, foi um homem que nunca soube resistir aos encantos femininos. No fim do filme, Sua Excelência decide mandá-lo “para o andar de cima”. Uma das mais amargas despedidas deste mundo em que o riso progressivamente se vai gelando. “No ‘gruyère’ Lubitsch cada buraco é genial” (disse Truffaut). “Em HEAVEN CAN WAIT o queijo quase desapareceu e só ficou o buraco. O que talvez seja ainda mais genial”. A apresentar em cópia digital.
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