Melodrama fabuloso, em que a dimensão
noir tem a paleta de um exuberante Technicolor (como, nos anos 1950, SLIGHTLY SCARLET, de Allan Dwan, ou PARTY GIRL, de Nicholas Ray), produzindo o que Meredith Brody definiu como um efeito de corrupção. Um mundo quase híperreal graças à incandescência luminosa do seu ambiente
noir, na formulação de Martin Scorsese. A narrativa em
flashback, polvilhada de elementos psicanalíticos e moldada na tragédia grega, constrói-se à volta da complexa, fascinante, mórbida, extrema personagem de Gene Tierney. Uma “mulher fatal” dominada pela obsessão na figura paterna e por um doentio sentido de posse pelo homem com quem casa, age no limite da manipulação, do ciúme, da vingança, sentimentos pelos quais está disposta a tudo, até a uma encenação suicidária para que continuem a cumprir-se depois de morta. Uma obra-prima.
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