28/07/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Com LA STRADA Fellini quis, nitidamente, fazer com que o seu cinema desse um salto, abandonando a crónica descritiva por uma visão muito mais ambiciosa. O filme conta a história da jovem Gelsomina que é vendida ao cigano Zampanò, que se exibe em feiras de aldeia a rebentar correntes com o tórax. Ela exerce as funções de criada, assistente e mulher do homem, tenta fugir e tudo acabará tragicamente. LA STRADA obteve o Oscar de melhor filme estrangeiro, mas também causou acirrada polémica na Europa: a esquerda considerou-o “reacionário” e acusou Fellini de trair o neorrealismo, ao passo que as vozes oficiais católicas foram extremamente prudentes. O filme suscitou apaixonadas discussões sobre o seu sentido e foi analisado por diversos ângulos, como metáfora do casamento ou alegoria cristã, por exemplo. Para Tullio Kezich, “se cada um de nós tem a sua «fábula» pessoal, esta permanece a fábula mais dolorosa e enigmática de Fellini”. Giulietta Masina recusava qualquer identificação com a personagem à qual foi mais associada e dizia que “Gelsomina é Federico. Foi ele que virou as costas para a sua casa à beira-mar, saiu pelo mundo numa roulotte, aprendeu a arte dos palhaços e propôs-se como trâmite para uma «realidade da alma», enfrentando o oceano da existência”. A apresentar em cópia digital.
consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui