CICLO
Escritores/Realizadores


Fechando uma trilogia feita em colaboração com a Associação Portuguesa de Escritores (colaboração que tem permitido iluminar a longeva e profícua relação entre o mundo do cinema e o mundo da literatura e que teve dois momentos anteriores: em 2019, com o Ciclo 7 Livros/7 Filmes sobre as questões específicas da adaptação cinematográfica, e, em 2021, com um programa intitulado Escrever Filmar sobre a representação cinematográfica da figura e do trabalho do escritor), apresentamos agora um novo programa com um tema ainda não abordado aqui na Cinemateca. Sendo muitos os realizadores que tiveram na escrita (seja dos argumentos dos seus filmes ou de obras literárias autónomas) uma segunda atividade criativa que, por importante que fosse, nunca fez com que deixassem de ser conhecidos sobretudo enquanto cineastas, mais raros foram os casos de autores que consolidaram primeiro a sua fama no campo da literatura para, mais tarde, se iniciarem também no cinema e aí deixarem obra feita. Nalguns casos (Marguerite Duras, Pier Paolo Pasolini, Ousmane Sembène, Jean Cocteau, Fernando Arrabal), o cinema passou a ser pelo menos tão importante como a literatura e constitui uma matéria indissociável do que é a sua reputação autoral, noutros acabou por ser uma paragem mais fugaz e certamente não tão determinante nos respetivos percursos artísticos (são exemplos disso LES ANNÉES SUPER 8 de Annie Ernaux, um dos dois casos de um Prémio Nobel da Literatura – o outro é Bob Dylan -  que tem o seu nome nos créditos de realização de um filme, ou MAXIMUM OVERDRIVE, o único filme realizado até hoje por Stephen King, ele que é certamente um dos escritores mais vezes adaptado ao cinema). Uns e outros estão representados neste Ciclo Escritores/Realizadores, que inclui várias sessões com conversas que abordarão a singularidade da presença simultânea destes criadores no cinema e na literatura.
 
 
 
17/05/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Escritores/Realizadores

Maximum Overdrive
Potência Explosiva
de Stephen King
Estados Unidos, 1986 - 98 minutos
 
19/05/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Escritores/Realizadores

Moolaadé
de Ousmane Sembène
Senegal, França, 2004 - 124 min
20/05/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Escritores/Realizadores

Un Chant d’Amour | Viva la Muerte
duração total da projeção: 116 min | M/16
22/05/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Escritores/Realizadores

Les Parents Terribles
de Jean Cocteau
França, 1948 - 100 min
30/05/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Escritores/Realizadores

Un Chant d’Amour | Viva la Muerte
duração total da projeção: 116 min | M/16
17/05/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Escritores/Realizadores

Em colaboração com a Associação Portuguesa de Escritores
Maximum Overdrive
Potência Explosiva
de Stephen King
com Emilio Estevez, Laura Harrington, Pat Hingle
Estados Unidos, 1986 - 98 minutos
legendado em português | M/16
Não há muitos autores com tantos argumentos adaptados por Hollywood quanto Stephen King: desde CARRIE, passando por THE SHINING e STAND BY ME, são inúmeros os filmes que recordamos baseados em obras do autor. Já MAXIMUM OVERDRIVE, a primeira e última longa-metragem onde assumiu o papel de realizador, foi visto como um falhanço pela crítica na altura do seu lançamento, não conseguindo também impor-se nas bilheteiras. O filme, que seria a primeira de três longas-metragens que Stephen King planeava dirigir, foi marcado por problemas na produção, desencadeados pelo comportamento errático do autor e realizador. Definido pelo próprio como uma “experiência de aprendizagem”, MAXIMUM OVERDRIVE é um portal no tempo para as abordagens ao terror e ficção científica mais declaradamente camp do cinema da década de 80, contando-nos a história de um grupo de pessoas que tenta sobreviver a um cometa que fez com que uma série de camiões e bulldozers se tornassem homicidas. A banda sonora original é da autoria dos australianos AC/DC. Primeira exibição na Cinemateca.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
19/05/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Escritores/Realizadores

Em colaboração com a Associação Portuguesa de Escritores
Moolaadé
de Ousmane Sembène
com Fatoumata Coullibaly, Maimouna Hélène Diarra, Salimata Traoré
Senegal, França, 2004 - 124 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
No seu derradeiro filme, Ousmane Sembène (que por várias vezes adaptou ao cinema as suas próprias obras literárias) aborda o polémico tema da excisão feminina. A história passa-se numa aldeia, no dia em que várias crianças vão sofrer a horrível mutilação. Duas delas suicidam-se e as quatro sobreviventes pedem proteção, através da magia, a uma mulher. No passado, esta recusara que a sua própria filha sofresse a excisão e, agora, a sua filha é recusada como noiva do filho do chefe da aldeia, pois foi descoberto que não tinha sido “purificada” pela excisão. A mulher é a única a poder suspender a proteção mágica (a “mooladé” do título) e sofre violentas pressões no meio de um choque de gerações. No seu testamento cinematográfico, o patriarca do cinema africano (que foi também um importante escritor da cena literária senegalesa) demonstra que nem todas as tradições são positivas.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
20/05/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Escritores/Realizadores

Em colaboração com a Associação Portuguesa de Escritores
Un Chant d’Amour | Viva la Muerte
duração total da projeção: 116 min | M/16
a sessão de dia 30 é apresentada por Bruno Schiappa
UN CHANT D’AMOUR
de Jean Genet
com Java, Andre Reybaz
França, 1950 – 26 min

VIVA LA MUERTE
Viva la Muerte
de Fernando Arrabal
com Mahdi Chaouch, Núria Espert, Victor Garcia, Ivan Henriques
França, 1971 - 90 min / legendado eletronicamente em português

Realizado por sugestão e com ajuda da Cinemateca Francesa, ao mesmo tempo que curtas-metragens de Picasso e Raymond Queneau (cujo paradeiro se desconhece), UN CHANT D’AMOUR foi a única experiência na realização de Jean Genet: filme mudo, de um erotismo lírico e desesperado, numa história sobre a solidão de dois presos confinados às suas celas. Embora esteja hoje algo esquecido, Fernando Arrabal (nascido em 1932) é um dos mais célebres autores espanhóis do século XX e um dos mais fecundos, com dezenas de obras de poesia, romance e teatro, as mais célebres das quais são Cemitério de Automóveis e O Arquitecto e o Imperador da Assíria. Instalado em França desde 1955, Arrabal também realizou sete filmes, dos quais o primeiro é VIVA LA MUERTE, cujo título cita o célebre grito de guerra dos fascistas espanhóis durante a Guerra Civil. O filme passa-se precisamente durante a Guerra Civil e o protagonista é um rapaz de dez anos, cuja mãe é franquista e o pai republicano. Com elementos surreais e outros vindos do teatro da crueldade de Artaud, o filme é característico do seu autor e típico de certas tendências dos anos 1970.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de UN CHANT D’AMOUR aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de VIVA LA MUERTE aqui
 
22/05/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Escritores/Realizadores

Em colaboração com a Associação Portuguesa de Escritores
Les Parents Terribles
de Jean Cocteau
com Jean Marais, Josette Day, Yvonne de Bray
França, 1948 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão apresentada por Luís Machado
Adaptado a partir da peça de teatro escrita pelo próprio dez anos antes, LES PARENTS TERRIBLES foi definido por Cocteau como o melhor filme, do ponto de vista técnico, que alguma vez terá realizado. Nele, conta-se a história de Michel de 22 anos, que revela aos seus pais querer casar com Madeleine (Josette Day que a interpreta, também é a bela do seu A BELA E O MONSTRO), o que lhes provocará uma ira inesperada. O filme, afastado das fábulas poéticas que caracterizam as obras mais reconhecidas de Cocteau como ORPHÉE ou LE SANG D’UN POÈTE, é um drama familiar cujos diálogos o realizador quis absolutamente fiéis à peça que escreveu, ainda que visse no cinema um meio “sem sintaxe”, a partir do qual poderia tomar novas liberdades formais. Primeira apresentação na Cinemateca. A exibir em cópia digital.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
30/05/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Escritores/Realizadores

Em colaboração com a Associação Portuguesa de Escritores
Un Chant d’Amour | Viva la Muerte
duração total da projeção: 116 min | M/16
sessão apresentada por Bruno Schiappa
UN CHANT D’AMOUR
de Jean Genet
com Java, Andre Reybaz
França, 1950 – 26 min

VIVA LA MUERTE
Viva la Muerte
de Fernando Arrabal
com Mahdi Chaouch, Núria Espert, Victor Garcia, Ivan Henriques
França, 1971 - 90 min / legendado eletronicamente em português

Realizado por sugestão e com ajuda da Cinemateca Francesa, ao mesmo tempo que curtas-metragens de Picasso e Raymond Queneau (cujo paradeiro se desconhece), UN CHANT D’AMOUR foi a única experiência na realização de Jean Genet: filme mudo, de um erotismo lírico e desesperado, numa história sobre a solidão de dois presos confinados às suas celas. Embora esteja hoje algo esquecido, Fernando Arrabal (nascido em 1932) é um dos mais célebres autores espanhóis do século XX e um dos mais fecundos, com dezenas de obras de poesia, romance e teatro, as mais célebres das quais são Cemitério de Automóveis e O Arquitecto e o Imperador da Assíria. Instalado em França desde 1955, Arrabal também realizou sete filmes, dos quais o primeiro é VIVA LA MUERTE, cujo título cita o célebre grito de guerra dos fascistas espanhóis durante a Guerra Civil. O filme passa-se precisamente durante a Guerra Civil e o protagonista é um rapaz de dez anos, cuja mãe é franquista e o pai republicano. Com elementos surreais e outros vindos do teatro da crueldade de Artaud, o filme é característico do seu autor e típico de certas tendências dos anos 1970.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de UN CHANT D’AMOUR aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de VIVA LA MUERTE aqui