Depois de virada a página do “realismo poético” com o fracasso de LES PORTES DE LA NUIT, mas mergulhando num tipo de atmosfera semelhante ao que fez a glória dos filmes feitos por Marcel Carné nos anos trinta e quarenta, THÉRÈSE RAQUIN é geralmente considerado como o último grande filme do realizador. Trata-se de um drama livremente inspirado no romance de Émile Zola, transposto para Lyon e para o tempo contemporâneo ao da realização. Uma história de paixão obsessiva que conduz ao crime. Reminiscência da sua obra passada e elemento típico das “adaptações literárias” francesas dos anos cinquenta: Carné introduz um personagem novo, o marinheiro, que representa o “Destino” que leva os personagens para a tragédia. Despida dos atributos de mulher sedutora que tinham sido os seus trunfos em DEDÉE D’ANVERS e MANÈGES, Simone Signoret dá aqui os primeiros toques na sua futura
persona cinematográfica
, bela porém recatada, uma mulher que calcula os seus gestos e não age por impulso. Grande Prémio do Festival de Veneza de 1953, o filme foi apresentado uma única vez na Cinemateca, em janeiro de 1997, por ocasião do falecimento de Marcel Carné.
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