29/04/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
THE CABINET OF JAN SVANKMAJER
“O Gabinete de Jan Švankmajer”
de Irmãos Quay e Keith Griffiths
Reino Unido, 1984 – 14 min / intertítulos em inglês
SPIEL MI STEINEN
“Um Jogo de Pedras”
de Jan Švankmajer
Áustria, 1965 – 8 min / sem diálogos
RAKVIČKÁRNA
“Punch e Judy”
de Jan Švankmajer
Checoslováquia, 1966 – 10 min / sem diálogos
ZAHRADA
“O Jardim”
com Jirí Hálek, Ludek Kopriva, Míla Myslíková
de Jan Švankmajer
Checoslováquia, 1968 – 17 min / legendado em inglês e eltronicamente em português
KONEC STALINISMU V CECHÁCH
“A Morte de Estaline na Boémia”
de Jan Švankmajer
Reino Unido, 1991 – 10 min / sem diálogos
FLORA
de Jan Švankmajer
Estados Unidos, 1989 – 20 seg / sem diálogos
JÍDLO
“Comida”
de Jan Švankmajer
com Ludvík Sváb, Bedrich Glaser, Jan Kraus
Reino Unido, República Checa, 1992 – 17 min / sem diálogos
A relação do surrealista recalcitrante Jan Švankmajer com o regime político do seu país, a então Checoslováquia, tornou-se um intenso braço de ferro a partir dos anos da dita “normalização”, na década de 70 do século passado. Os filmes de Švankmajer foram silenciados ou mutilados pela censura, sendo que só com o colapso da Checoslováquia este realizador pôde usufruir da liberdade que apenas experimentou nos anos dourados da década de 60, associados também ao florescimento da Nova Vaga checa. Contudo, desde sempre que o problema do diálogo entre humanos – e da incompreensão dele decorrente – está plasmado na sua animação. THE CABINET OF JAN SVANKMAJER é como um diálogo de influências: do próprio Švankmajer com a sua arte e a arte dos outros, mas também com quem reclama uma certa ascendência “svankmajeriana”. Os americanos, radicados no Reino Unido, irmãos Quay, juntamente com o animador e importante produtor galês Keith Griffiths, prestam a devida homenagem ao mestre checo com uma alegoria acerca de uma certa educação do olhar e dos sentidos desenrolada entre o mestre e o seu discípulo. Sobre “formatação” e não tanto “diálogo”, KONEC STALINISMU V CECHÁCH/“A Morte de Estaline na Boémia” é uma crítica feroz a todas as formas de totalitarismo, começando pelo regime estalinista. A violência das formas quase humanas do seu teatro de marionetas em RAKVIČKÁRNA/“Punch e Judy” também parece aludir à feição mais gananciosa da sociedade humana. E em Jídlo/“Comida” o cineasta dá conta dessa nossa voracidade para “comermos” o próximo mas também para sermos devorados pelos poderes instituídos – todo um ritual de produção das mesmas práticas, das mesmas ações e dos mesmos pensamentos. Os objetos ganham vida em FLORA (retrato de uma humanidade “arcimboldoniana” em putrefacção), em ZAHRADA/“O Jardim” (pessoas não pensantes, “esvaziadas”, servem de cerca numa quinta) e em SPIEL MI STEINEN/“Um Jogo de Pedras” (o tempo pesa quilos e as pedras são a única matéria-prima para a constituição do humano). Primeiras apresentações na Cinemateca.
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