23/05/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
24 Imagens – Cinema e Fotografia (I)
It Should Happen to You
Uma Rapariga sem Nome
de George Cukor
com Judy Holliday, Peter Lawford, Jack Lemmon, Michael O’Shea, Vaughan Taylor
Estados Unidos, 1954 - 86 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Géneros do fotográfico
O último filme de George Cukor com a famosa Judy Holliday no mais memorável dos seus papéis, é também a estreia de Jack Lemmon, num dos mais divertidos e hábeis argumentos de Garson Kanin e Ruth Gordon. Romântica e de uma funda gravidade implícita, a comédia segue a par da história de uma jovem modelo em Nova Iorque em crise de identidade que, para “fazer nome”, põe em prática um plano original: aluga um gigantesco painel publicitário e afixa o seu nome. A decisão da rapariga, que se torna famosa por ser famosa graças à imagem do nome, acontece depois do encontro com a personagem de Jack Lemmon quando este, filmando um documentário sobre o Central Park, a considera “uma coisa real”. IT SHOULD HAPPEN TO YOU é fértil em subentendidos e pontos que tocam o existencial sob a aparência da ligeireza. Um Cukor cheio de graça.
23/05/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
24 Imagens – Cinema e Fotografia (I)
Ein Lichtspiel Schwarz Weiss Grau | Chelovek S Kinoapparatom
duração total da projeção: 72 min | M/12
O fluxo, o instante
EIN LICHTSPIEL SCHWARZ WEISS GRAU
“Jogo de Luz Preto Branco Cinzento”
de László Moholy-Nagy
Alemanha, URSS, 1930 – 6 min / mudo, sem intertítulos
Chelovek s kinoapparatom
“O Homem da Câmara de Filmar”
de Dziga Vertov
URSS, 1929 – 66 min / mudo, sem intertítulos
“JOGO DE LUZ PRETO BRANCO CINZENTO” é dos mais conhecidos trabalhos em filme do fotógrafo László Moholy-Nagy, em que a abstração das imagens no jogo de luz proposto tem o referente concreto do Modulador Espaço-Luz, também conhecido como acessório luminoso para um cenário elétrico. Moholy-Nagy ensaia sintetizar a visualização do ato de ver a partir de uma multiplicidade de perspetivas. “O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR” é o manifesto radical e futurista da vanguarda soviética dos anos vinte por Dziga Vertov: cinema de montagem, que recusa a trama narrativa, o ator e os intertítulos; cinema da "câmara-olho" (“kino-glaz”), mais perfeita que o olho humano. Um "filme ‘ao contrário', com uma expressão fabulosamente ritmada", na opinião de Jean Rouch, para quem Dziga Vertov "era antes de mais nada um poeta, o documentarista das festas revolucionárias". O turbilhão das imagens em movimento do filme tem momentos em que a imagem se fixa em fotogramas tratados manualmente na montagem. O filme de Moholy-Nagy foi mostrado uma única vez na Cinemateca, em 1990, num Ciclo dedicado à vanguarda alemã dos anos vinte
23/05/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
24 Imagens – Cinema e Fotografia (I)
Unas Fotos en la Ciudad de Sylvia
de José Luis Guerín
Espanha, 2007 - 67 min
mudo, intertítulos legendados eletronicamente em português | M/12
Álbuns fotográficos
Filme de montagem de fotografias a preto e branco, mudo, que reflete o trabalho fotográfico de Guerín antes da rodagem de EN LA CIUDAD DE SYLVIA (2007), com o qual forma um díptico. Uma experiência a partir da fotografia que corresponde a uma deambulação urbana acompanhada por um monólogo interior expresso em intertítulos que reenviam para os primórdios do cinema. À ficção da CIUDAD, as FOTOS opõem uma construção que funde o rasto de uma memória supostamente pessoal com a da preparação do próprio filme: a procura de uma mulher, fugazmente encontrada e logo perdida muitos anos antes. Como afirmou o realizador: “o que conta é a pequena elipse que há entre uma fotografia e outra… Entre uma fotografia e outra há um tempo que se esvai, um mistério que se escapa.” Primeira exibição na Cinemateca. No início da sessão é apresentado THE LAST DAY OF LEONARD COHEN IN HYDRA, de Mário Fernandes (ver entrada em “Ante-estreias”).
24/05/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
24 Imagens – Cinema e Fotografia (I)
Alice in den Städten
Alice nas Cidades
de Wim Wenders
com Rüdiger Vogler, Yella Rottländer, Lisa Kreuzer
República Federal da Alemanha, 1974 - 110 min
legendado em português | M/12
Figuras do fotógrafo
A terceira longa-metragem de Wim Wenders, então com 28 anos, ilustra um género muito pouco europeu e muito americano, o “road movie”, a que o realizador voltaria em IM LAUF DER ZEIT / AO CORRER DO TEMPO. Em viagem de trabalho aos Estados Unidos num Chrysler, um jornalista retrata a paisagem americana numa sucessão de imagens, instantâneos tirados com uma câmara Polaroid. Conhece entretanto uma mulher que lhe confia a filha de nove anos – Alice, como a personagem de Lewis Carroll –, para regressar à Alemanha. No final, é Alice quem fotografa o fotógrafo que deixara de capturar imagens quando a conhece. É uma das obras mais célebres do Novo Cinema Alemão, que revelou toda uma nova geração de realizadores no início dos anos setenta. A apresentar em cópia digital.
24/05/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
24 Imagens – Cinema e Fotografia (I)
Les Photos d’Alix | Nostalgia (Hapax Legomena I: Nostalgia)
duração total da projeção: 56 min | M/12
Investigações fotográficas
LES PHOTOS D’ALIX
de Jean Eustache
com Alix Cléo-Roubaud, Boris Eustache
França, 1980 – 18 min / legendado eletronicamente em português
NOSTALGIA (HAPAX LEGOMENA I: NOSTALGIA)
de Hollis Frampton
Estados Unidos, 1971 – 38 min / legendado eletronicamente em português
LES PHOTOS D’ALIX é um filme extremamente perturbante e singular, em que Jean Eustache se detém na não coincidência entre as imagens fotográficas e as palavras que as descrevem ao pôr em cena a fotógrafa Alix Cléo-Roubaud, que mostra clichés de sua autoria a Boris Eustache, filho do cineasta. NOSTALGIA faz parte do ciclo mais vasto HAPAX LEGOMENA, obra monumental de Hollis Frampton (1936-1984), um dos mais importantes cineastas da vanguarda nova-iorquina. Investigação sem paralelo acerca da natureza da imagem cinematográfica, HAPAX LEGOMENA propõe-se como aquilo a que o próprio Frampton chamou uma “autobiografia oblíqua” e uma “filogenia” da história do cinema, que concentra os temas principais do pensamento do autor sobre os paradoxos da imagem em movimento e a sua historicidade, sobre os jogos linguísticos, a narrativa no cinema, as formas da montagem, as relações entre o cinema e o vídeo, mas também sobre a passagem do tempo e a memória. NOSTALGIA centra-se nas relações / conflitos entre a linguagem e o cinema, concretamente nas relações que as palavras podem estabelecer com as imagens fotográficas e com uma possível descrição das mesmas, conduzindo-nos a uma dimensão invulgar. Dois filmes essenciais para pensar a relação da fotografia com o cinema quando mediada pela linguagem verbal.