CICLO
José Saramago no Cinema


No ano do centenário do nascimento de José Saramago (1922-2010) e integrado no vasto programa de iniciativas que foi sendo apresentado ao longo de 2022 pela Fundação José Saramago, a Cinemateca Portuguesa associa-se à evocação do Nobel da Literatura português com um Ciclo de cinema que integra as mais importantes adaptações retiradas da sua obra e alguns dos documentários sobre a sua figura.
Nos mais de 40 títulos que escreveu, Saramago foi o criador de um singular e inconfundível estilo literário, que funde o erudito e o popular, integrando toda a riqueza da tradição literária portuguesa com traços narrativos da oralidade, levando às suas histórias um experimentalismo orgânico que estilisticamente se expressa pela supressão da pontuação, enquanto mantém o domínio da lógica discursiva e intensifica o ritmo frásico e a respiração da narração e dos diálogos entre as personagens. Mais do que isso, as suas histórias ligam-se a um projeto ético e político que sempre reiterou, e que se materializa, nos seus livros mais célebres, na construção de mundos ora utópicos, ora distópicos, nos quais as dimensões metafórica e alegórica se enredam num preciso e existencial olhar sobre a humanidade.
O apelo dos universos mais utópicos ou distópicos de Saramago foram propícios à sua adaptação cinematográfica, dando origem a múltiplos projetos nacionais e internacionais, entre os quais produções americanas de grande visibilidade internacional como BLINDNESS (2008), de Fernando Meirelles, que explora a cegueira epidémica e coletiva de Ensaio Sobre a Cegueira e a exploração existencialista do caos da identidade humana em ENEMY (2013), de Denis Villeneuve, baseado em O Homem Duplicado. As suas metáforas foram também aproveitadas na Europa por George Sluizer, em A JANGADA DE PEDRA (2002) e em EMBARGO (2010), do português António Ferreira, que partiu da premissa do conto O Embargo, integrando o seu argumento na situação de um hipotético embargo de petróleo que cortou o fornecimento de gasolina no mundo inteiro.  Das restantes adaptações relevantes da sua obra ao cinema, o Ciclo integra também a curta-metragem de animação LA FLOR MÁS GRANDE DEL MUNDO (2007), transposição de um conto infantil de Saramago e com narração do próprio, e a sua incursão pelo universo pessoano vista por João Botelho em O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS (2020). Programado na semana em que o escritor faria cem anos, este Ciclo relembra igualmente a sua presença nos documentários JOSÉ E PILAR (Miguel Gonçalves Mendes, 2010), SARAMAGO: DOCUMENTOS (João Mário Grilo, 1995) e ENSAIO SOBRE O TEATRO (Rui Simões, 2006) e propõe uma conversa sobre a boa ou má fortuna das adaptações cinematográficas da sua obra numa conversa entre o Prof. Carlos Reis (Comissário para o Centenário de José Saramago) e o Prof. Abílio Hernandez. 
 
 
17/11/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo José Saramago no Cinema

Ensaio Sobre o Teatro
de Rui Simões
Portugal, 2006 - 90 min | M/12
 
18/11/2022, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo José Saramago no Cinema

Enemy
O Homem Duplicado
de Denis Villeneuve
Canadá, Espanha, França, 2013 - 90 min
18/11/2022, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo José Saramago no Cinema

“José Saramago no Cinema”
19/11/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo José Saramago no Cinema

O Ano da Morte de Ricardo Reis
de João Botelho
Portugal, 2020 - 129 min | M/12
17/11/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
José Saramago no Cinema

Em colaboração com a Fundação José Saramago
Ensaio Sobre o Teatro
de Rui Simões
Portugal, 2006 - 90 min | M/12
com a presença de Rui Simões
Em ENSAIO SOBRE O TEATRO, Rui Simões acompanha a adaptação teatral que o Teatro O Bando faz de Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, construindo um documentário que retrata o processo criativo da adaptação do texto para teatro seguindo a encenação de João Brites e dos seus atores até ao momento da estreia na presença do escritor. Um registo de um processo e do retrato dos bastidores que se propõe, ele próprio, como um ensaio sobre a arte de fazer teatro.

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18/11/2022, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
José Saramago no Cinema

Em colaboração com a Fundação José Saramago
Enemy
O Homem Duplicado
de Denis Villeneuve
com Jake Gyllenhaal, Mélanie Laurent, Sarah Gadon
Canadá, Espanha, França, 2013 - 90 min
legendado em português | M/14
O Homem Duplicado (livro de 2002) adaptado para um drama psicológico. Retendo a premissa do romance de Saramago, ENEMY explora o subconsciente paranoico de um professor de História que encontra uma pessoa exatamente igual a ele num filme a que assiste. O encontro entre os dois dá início a uma exploração surrealista que toma conta da sua vida e da sua relação amorosa na forma de um pesadelo materializado. Um filme sobre as distâncias entre o “eu”, o “outro” e o caos do subconsciente, que respeita a intenção do livro, descrita por Saramago como a ideia de que “o caos é uma ordem por decifrar”. Primeira apresentação na Cinemateca.

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18/11/2022, 18h30 | Sala Luís de Pina
José Saramago no Cinema

Em colaboração com a Fundação José Saramago
“José Saramago no Cinema”
Mesa-Redonda

Entrada livre, mediante levantamento de ingresso na bilheteira
Quase a fechar este programa dedicado a José Saramago, uma conversa entre o Prof. Carlos Reis (Comissário para o Centenário de José Saramago) e o Prof. Abílio Hernandez, estudioso das relações entre cinema e literatura, sobre a especificidade dessa obra literária e as questões particulares que coloca na sua transposição para o meio cinematográfico.
 
19/11/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
José Saramago no Cinema

Em colaboração com a Fundação José Saramago
O Ano da Morte de Ricardo Reis
de João Botelho
com Chico Diaz, Luís Lima Barreto, Catarina Wallenstein, Victoria Guerra
Portugal, 2020 - 129 min | M/12
As incursões de João Botelho no mundo de Fernando Pessoa fizeram um desvio pela obra de José Saramago, especificamente o romance por ele publicado em 1984 e que dá título ao filme. Ricardo Reis, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, regressa a Lisboa (em 1935, o ano da morte de Pessoa) depois de uma longa ausência e observa os sinistros acontecimentos que têm lugar em Portugal e na Europa. Botelho teve uma atitude radical ao transcrever o romance e baseou o seu filme inteiramente no verbo, fiel ao “cinema do tempo” e não ao “cinema do movimento”.

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