CICLO
In Memoriam Micheline Presle


Micheline Presle, que faleceu no passado mês de fevereiro pouco antes de completar 102 anos, foi uma das mais importantes atrizes do cinema francês da sua geração, ao lado de Danielle Darrieux e Michèle Morgan. Presle, no entanto, tinha uma persona cinematográfica mais variada do que as suas duas contemporâneas. Nascida em Paris, filha de um homem de negócios, cedo se interessou pelo cinema e fez uma figuração quando tinha apenas quinze anos. Pôs-se a estudar teatro e em 1939, aos dezassete anos, teve o seu primeiro papel importante em JEUNES FILLES EN DÉTRESSE, de George Pabst. Durante a Segunda Guerra Mundial, Presle fez diversos papéis importantes, trabalhando com realizadores como Marcel L’Herbier, Abel Gance, Marc Allégret e Jacques Becker (FALBALAS, um dos clássicos do cinema francês). No entanto, nunca foi considerada colaboracionista com as forças de ocupação alemãs (contrariamente a Darrieux) e no imediato pós-Guerra fez dois filmes notáveis, que ajudaram a repor o cinema francês no mercado internacional, além de a consagrarem definitivamente e com os quais a homenageamos: BOULE DE SUIF (1945), de Christian-Jaque e LE DIABLE AU CORPS (1946), de Claude Autant-Lara. Ambos causaram polémica e nunca tiveram distribuição comercial em Portugal, por motivos fáceis de perceber. Entre 1949 e 1954, Presle esteve em Hollywood (onde trabalhou com Fritz Lang em AMERICAN GUERRILLA IN THE PHILIPPINES), mas a experiência não foi muito bem sucedida e ela regressou a Paris, onde encadeou nos anos 50 e 60 uma série de filmes populares e de aparições na televisão (mas também em A RELIGIOSA, de Jacques Rivette), sem deixar de trabalhar no teatro. A partir dos anos 70 passa a colaborar com autores vindos de outros horizontes, como Copi e Jerôme Savary e a partir dos anos 80 torna-se uma das “musas” do bando de realizadores reunidos à volta de Paul Vecchiali (Jacques Davila, Gérard Frot-Coutaz, Marie-Claude Treilhou), além do próprio Vecchiali. Micheline Presle era dotada da técnica impecável que caracteriza as atrizes francesas da sua geração (a sua especialidade: falar a toda a velocidade, sem que se perca uma sílaba), capaz de transmitir os diversos matizes daquilo que sente a sua personagem, o que a torna convincente em todos os seus papéis. Mas por detrás desta perfeição e desta elegância surgem o humor e a capacidade de estar consciente daquilo que faz, que lhe permitiram atravessar mais de meio século de cinema, em condições de produção muito diferentes.
 
 
03/05/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Micheline Presle

Boule de Suif
de Christian-Jaque
França, 1945 - 107 min
 
06/05/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Micheline Presle

Le Diable au Corps
de Claude Autant-Lara
França, 1947 - 122 min
07/05/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Micheline Presle

Boule de Suif
de Christian-Jaque
França, 1945 - 107 min
08/05/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo In Memoriam Micheline Presle

Le Diable au Corps
de Claude Autant-Lara
França, 1947 - 122 min
03/05/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Micheline Presle
Boule de Suif
de Christian-Jaque
com Micheline Presle, Berthe Bovy, Louise Conte, Robert Dalban
França, 1945 - 107 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Este filme magnífico foi realizado mal a França foi libertada da ocupação alemã em agosto de 1944 e lançado em outubro do ano seguinte. Grande profissional da mise-en-scène, Christian-Jaque adapta um célebre conto de Guy de Maupassant, situado durante a guerra franco-prussiana de 1870: diante da chegada iminente das tropas alemãs um grupo de pessoas foge de uma cidade numa diligência. Entre elas, a prostituta da terra que tem a alcunha de Boule de Suif (“bola de sebo”). É maltratada e desprezada pelos outros, até que lhe imploram que faça um sacrifício para que o grupo possa seguir viagem, o que ela acaba por aceitar. Imediatamente a seguir os outros voltam a desprezá-la. Esta história sobre a hipocrisia humana teve uma ressonância especialmente forte na França de 1945, quando o tema das “colaboradoras horizontais” com os alemães era escaldante. Christian-Jaque e os seus argumentistas misturam ao argumento outro conto de Maupassant, Mademoiselle Fifi, de trama semelhante, mas no qual a mulher francesa não sai vencida. Primeira apresentação na Cinemateca de um filme a (re)descobrir.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
06/05/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Micheline Presle
Le Diable au Corps
de Claude Autant-Lara
com Micheline Presle, Gérard Philippe, Denise Grey, Jean Débucourt
França, 1947 - 122 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Adaptação fiel do romance epónimo do cometa literário que foi Raymond Radiguet (1903-23), que com dois livros escritos na adolescência marcou presença na literatura francesa. A história é situada durante a Primeira Guerra Mundial e mostra-nos uma jovem recém-casada que tem uma ligação extra-conjugal com um adolescente enquanto o seu marido está na frente de guerra. O filme, que teve uma importância decisiva na carreira de Gérard Philippe, causou enorme escândalo na França de 1947, sendo considerado imoral e ofensivo à classe militar e foi também uma das obras que marcou o regresso do cinema francês ao circuito internacional. O par Presle-Philippe transmite na perfeição a mistura de sensualidade e ansiedade que caracteriza a relação do casal e o filme tem as virtudes narrativas e de representação que caracterizam o cinema clássico francês.

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07/05/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Micheline Presle
Boule de Suif
de Christian-Jaque
com Micheline Presle, Berthe Bovy, Louise Conte, Robert Dalban
França, 1945 - 107 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Este filme magnífico foi realizado mal a França foi libertada da ocupação alemã em agosto de 1944 e lançado em outubro do ano seguinte. Grande profissional da mise-en-scène, Christian-Jaque adapta um célebre conto de Guy de Maupassant, situado durante a guerra franco-prussiana de 1870: diante da chegada iminente das tropas alemãs um grupo de pessoas foge de uma cidade numa diligência. Entre elas, a prostituta da terra que tem a alcunha de Boule de Suif (“bola de sebo”). É maltratada e desprezada pelos outros, até que lhe imploram que faça um sacrifício para que o grupo possa seguir viagem, o que ela acaba por aceitar. Imediatamente a seguir os outros voltam a desprezá-la. Esta história sobre a hipocrisia humana teve uma ressonância especialmente forte na França de 1945, quando o tema das “colaboradoras horizontais” com os alemães era escaldante. Christian-Jaque e os seus argumentistas misturam ao argumento outro conto de Maupassant, Mademoiselle Fifi, de trama semelhante, mas no qual a mulher francesa não sai vencida. Primeira apresentação na Cinemateca de um filme a (re)descobrir.

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08/05/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
In Memoriam Micheline Presle
Le Diable au Corps
de Claude Autant-Lara
com Micheline Presle, Gérard Philippe, Denise Grey, Jean Débucourt
França, 1947 - 122 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Adaptação fiel do romance epónimo do cometa literário que foi Raymond Radiguet (1903-23), que com dois livros escritos na adolescência marcou presença na literatura francesa. A história é situada durante a Primeira Guerra Mundial e mostra-nos uma jovem recém-casada que tem uma ligação extra-conjugal com um adolescente enquanto o seu marido está na frente de guerra. O filme, que teve uma importância decisiva na carreira de Gérard Philippe, causou enorme escândalo na França de 1947, sendo considerado imoral e ofensivo à classe militar e foi também uma das obras que marcou o regresso do cinema francês ao circuito internacional. O par Presle-Philippe transmite na perfeição a mistura de sensualidade e ansiedade que caracteriza a relação do casal e o filme tem as virtudes narrativas e de representação que caracterizam o cinema clássico francês.

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