A obra de José Nascimento, um dos cineastas mais ecléticos do cinema português contemporâneo, é o objeto da próxima grande retrospetiva da Cinemateca, que acontecerá ao longo da primeira quinzena de outubro. O Ciclo, intitulado JOSÉ NASCIMENTO: NEM VERDADE, NEM MENTIRA será dedicado ao seu trabalho de cinema, mas não esquecerá, também, a sua produção para televisão, grupos musicais e galerias de arte.
Iniciando a sua carreira no cinema no final da década de 60, nos Serviços Cartográficos do Exército (e por onde terão passado nomes como José Luís Carvalhosa ou Fernando Matos Silva), assina, no pós-25 de abril, vários documentários e programas televisivos de cariz político e militante, vindo a estrear-se nas longas-metragens de ficção apenas em meados da década de 80 com REPÓRTER X, que reimagina a figura do repórter sensacionalista Reinaldo Ferreira à luz do cosmopolitismo lisboeta da época.
Ao longo de quinze sessões únicas que atravessarão mais de 50 anos de carreira, numa lógica de choques e continuidades, o programa irá dar destaque às “ficções verídicas” que caracterizam algumas das suas obras mais incontornáveis, entre elas TARDE DEMAIS, que abrirá o ciclo no dia 1 de outubro às 19h. Juntam-se a estas obras de homenagem como SILÊNCIOS DO OLHAR, dedicado ao seu colega e amigo José Álvaro Morais (autor de O BOBO, no qual Nascimento trabalhou como montador, e que se apresenta também neste ciclo), MANOEL DE OLIVEIRA: 50 ANOS DE CARREIRA, que realizou para televisão juntamente com Augusto M. Seabra, a trabalhos de cunho militante, como os realizados sob a alçada da Cinequipa (…PELA RAZÃO QUE TÊM! e TERRA DE PÃO, TERRA DE LUTA), até videoclips (RÁDIO MACAU: CINCO VIDEOCLIPES DO ÁLBUM “8”) e filmes-performance. O realizador acompanhará as várias sessões do Ciclo.
No final de novembro será lançado um catálogo dedicado à vida e obra de José Nascimento, acompanhado pela estreia da cópia digital restaurada de REPÓRTER X.