A Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema participa na edição de 2025 do Marché International du Film Classique (MIFC), que decorre em Lyon entre 14 e 17 de outubro, no âmbito do Festival Lumière. Será apresentado o projeto de restauro de ALA-ARRIBA! (1942), de José Leitão de Barros, no programa Re>Birth, dedicado à promoção de filmes clássicos restaurados digitalmente ou em processo de restauro.

José Leitão de Barros (1896 – 1967), inicia em 1918 a sua carreira enquanto realizador, tendo deixado uma marca profunda no cinema nacional. Realizou obras como A SEVERA (1931), o primeiro filme sonoro português, LISBOA, CRÓNICA ANEDÓTICA (1930) e CAMÕES (1946). ALA-ARRIBA! é geralmente considerado a conclusão da sua “Trilogia do Mar”, na sequência das obras que dedicou ao mesmo tema no final do período do cinema mudo (NAZARÉ, PRAIA DE PESCADORES, 1929, e MARIA DO MAR, 1930).

O título ALA-ARRIBA! provém de uma expressão tradicional da vila costeira da Póvoa de Varzim, utilizada como grito coletivo pelos pescadores quando, em conjunto, puxavam os barcos para terra. O filme combina ficção e etnografia para retratar a vida da comunidade piscatória poveira, cruzando atores profissionais com habitantes locais na história de amor proibido entre um pescador de sardinha e uma jovem lanchã, num enredo marcado pelas divisões sociais e pelos códigos morais e religiosos dessa comunidade. ALA-ARRIBA! é um marco do cinema português, pela sua ousadia formal e pelo modo como antecipa o diálogo entre o documentário e a ficção social. A nova cópia do filme foi digitalizada e restaurada pela Cinemateca Portuguesa no âmbito do projecto FILMar, integrado no Mecanismo Europeu de Financiamento EEA Grants 2020-2024.