No âmbito do seu trabalho continuado de preservação e difusão do património cinematográfico português, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema digitalizou as três longas-metragens de António Reis e Margarida Cordeiro: TRÁS-OS-MONTES (1976), ANA (1985) e ROSA DE AREIA (1989). Este gesto contribuiu para um renovado fôlego de um dos percursos mais singulares do cinema português, construído em íntima relação com a paisagem, a memória e a vida do povo de Trás-os-Montes, território que é também matéria sensível destas obras.
António Reis, poeta e cineasta, e Margarida Cordeiro, médica psiquiatra, desenvolveram um cinema de uma intensidade rara. TRÁS-OS-MONTES, o primeiro filme da dupla, é uma viagem pelo interior da região, onde realidade e fabulação se entrelaçam, desafiando as fronteiras do documentário e da ficção. ANA, centrado na figura de uma mulher idosa – interpretada pela própria mãe de Cordeiro -, prolonga esse olhar sobre a experiência do tempo e da memória, num registo mais íntimo e contemplativo. ROSA DE AREIA, a última longa-metragem que realizaram em conjunto, é uma obra de grande liberdade formal, onde os fragmentos de histórias, paisagens e rituais se acumulam como vestígios de uma civilização imaginada.
Depois de retrospetivas dedicadas aos autores tanto em Portugal como no estrangeiro, o corpo principal da obra de Reis e Cordeiro volta de novo às salas.
As cópias digitais restauradas destes filmes serão exibidas, ao longo dos próximos meses, em várias cidades portuguesas, incluindo Chaves, Faro, Évora, Funchal, Joane e Porto. Já em maio, terão lugar sessões especiais organizadas pelo Cinema Trindade, Cineclube de Joane e Teatro Experimental Flaviense.